Oito pessoas ainda são procuradas pela Polícia Federal para completar a lista dos 56 envolvidos no esquema de corrupção que fraudava licitações para compra de ambulâncias. Ontem, 46 pessoas foram presas. Quatro dos 17 presos que estavam em Brasília já foram transferidos para Cuiabá, que coordena as investigações da Operação Sanguessuga. Ainda hoje, outros presos também serão transferidos.
Entre os envolvidos estão dois ex-deputados, 11 assessores parlamentares e uma assessora do Ministério da Saúde. Deputados e senadores não podem ser investigados pela polícia. Relatórios com gravações telefônicas dos envolvidos em que nomes de parlamentares são citados foram encaminhados pela polícia aos presidentes da Câmara e do Senado, Procuradoria-Geral da República e à Controladoria-Geral da União (CGU).
Três auditores da CGU viajaram à Cuiabá para ajudar a polícia na análise de documentos apreendidos. O trabalho vai levar 15 dias, prazo final para o inquérito dos indiciados. Ao todo, 140 inquéritos sobre 76 municípios foram abertos. O grupo agia desde 2001. Mais de mil ambulâncias foram compradas ilegalmente pelo preço médio de R$ 100 mil. Mais de R$ 50 milhões foram superfaturados.
A quadrilha atuava em três frentes: junto às prefeituras para fraudar licitações, no Congresso Nacional para elaborar emendas parlamentares e no próprio Ministério da Saúde para liberação de recursos. Logo após o anúncio dos envolvidos, o ministério exonerou os dois funcionários e a assessora, que integravam a quadrilha. O controlador-geral da União, Jorge Hage, defendeu hoje maior fiscalização no repasse de recursos para os municípios. Para ele, se a verba é federal, não pode ser fiscalizada somente pelo município.