A candidatura própria do PMDB à Presidência da República ganhou força nesta quarta-feira. No entanto, a decisão final ocorrerá somente no dia 10 de junho, quando será realizada a convenção nacional do partido.
Na ocasião, os dois pré-candidatos –o ex-presidente Itamar Franco e o ex-governador Anthony Garotinho– disputarão no voto a indicação para a chapa do PMDB à Presidência.
A decisão de descartar a pré-convenção de maio, como queria a ala governista do partido, foi tomada após três horas de reunião.
Dos 24 diretórios que se manifestaram na reunião, 14 se colocaram contra a tese da candidatura própria e 11 foram favoráveis. Apesar do placar aparentemente ser favorável aos governistas, foram os oposicionistas que ganharam a disputa.
É que entre os 11 diretórios que apoiaram a candidatura ao Planalto estão os Estados com o maior número de votos na convenção, como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás. Nas contas dos oposicionistas esses Estados somam 450 votos favoráveis à candidatura própria do total de 726 convencionais.
“A vitória da candidatura própria é avassaladora”, comemorou Anthony Garotinho. “O resultado de hoje fortalece cada vez mais o desejo do partido de ter uma candidatura própria”, emendou Itamar Franco.
Até mesmo os contrários à tese da candidatura reconheceram a vitória dos oposicionistas. Um ex-governador nordestino que não quis se identificar disse que se a convenção fosse hoje, o PMDB teria candidato próprio.
A reunião de hoje foi pontuada por alfinetadas entre as duas alas do PMDB. O senador Pedro Simon (RS), que defende a candidatura de Itamar Franco, atacou o senador Renan Calheiros (AL), um dos porta-vozes do grupo governista. “Se o Renan conseguiu montar um partidinho, pegar o Collor e elegê-lo presidente da República, como o PMDB não vai conseguir ter um candidato forte na disputa?”, afirmou na reunião reservada. “O problema deles é que têm um monte de cargos no governo Lula que não teriam num governo do PMDB”, provocou.
Renan –que foi líder da tropa de choque do ex-presidente Fernando Collor no Congresso– preferiu não polemizar. “A reunião de hoje só serviu para mostrar que a verticalização é o diabo”, disse.
O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) acusou o partido de ser uma “casa de loucos”. O deputado avisou que vai colher assinaturas para que uma nova reunião da Executiva seja realizada para discutir a tese da candidatura novamente. “O PMDB está mais parecido com um hospício, com uma casa de malucos do que com um partido.”
O presidente da sigla, deputado Michel Temer (SP), voltou a pregar a unidade do PMDB. “Nós não podemos nos dispersar. No PMDB há uma democracia muito grande, temos liberdade de expressão e cada um fala pelos seus interesses.”