A Polícia Federal quer saber a origem dos cerca de R$ 500 mil usados para abastecer partidos políticos nanicos nas eleições de 2010. O esquema foi descoberto após informações passadas por dois candidatos a cargos proporcionais e revelado ao público com a deflagração da Operação Nanos. Os responsáveis pela investigação querem saber se a suposta compra de apoio ao nome do então candidato à reeleição ao governo Silval Barbosa (PMDB), ocorreu com recursos desviados dos cofres públicos ou pagamento de propina de empresas prestadoras de serviços ao Estado aos partidos políticos.
De acordo com o delegado que coordena as investigações, Cristiano Nascimento dos Santos, o esquema abasteceu candidatos derrotados às disputas proporcionais que integravam sete partidos políticos, que juntos formaram a chamada “frentinha”. No total, foram distribuídos cerca de R$ 500 mil em recursos que não foram contabilizados nas prestações de contas à Justiça Eleitoral.
Duas pessoas procuraram a Polícia Federal após as eleições de 2010 e confessaram a existência de um esquema de “caixa 2”, revelando que eles também receberam dinheiro proveniente deste esquema. No decorrer das investigações, outros dois ex-candidatos, ao serem questionados, confirmaram a prática e descreveram diversos detalhes de como teria ocorrido o esquema. Santos destaca que toda a movimentação financeira ocorria com dinheiro em espécie, possivelmente como forma de burlar os mecanismos de fiscalização e controle.
Entre os alvos da operação está o ex-secretário de Estado de Administração, Cezar Roberto Zílio, que foi coordenador financeiro da campanha de Silval, que acabou reeleito governador naquele ano. Flagrado pela Polícia Civil nas investigações da operação Sodoma, ele firmou um acordo de colaboração premiada com a Justiça e confirmou ter arrecadado propina em nome do político, atualmente preso no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC). Santos afirmou ainda que existe a possibilidade de que o ex-governador volte a ser ouvido pela Polícia Federal.