O deputado Pedro Henry (PP-MT) comparou-se a um personagem do escritor tcheco Franz Kafka, no discurso que está fazendo, no Conselho de Ética da Câmara, para se defender da acusação de ser um dos operadores do esquema conhecido como mensalão.
Embora o relator do seu caso no Conselho, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), defenda sua absolvição, Henry citou Kafka para dizer que sofreu muito com a acusação. Ele se comparou ao personagem Gregor Samsa, que, no livro “A Metamorfose”, descobre um dia, ao acordar, que se havia transformado em um monstruoso inseto. Henry disse que ser alvo de uma acusação é algo “terrível, que transforma a alma e a vida das pessoas” e que teve que “viver essa angústia um dia após outro dia.”
Voto aberto
Os deputados Orlando Fantazzini (PSOL-SP) e Chico Alencar (PSOL-RJ) anunciaram que vão votar aberto na sessão de julgamento do deputado Pedro Henry (PP-MT). Os deputados defendem o fim do voto secreto nos processos de cassação.
“A sociedade está julgando a Câmara. Aqueles que se escudam no voto secreto para garantir a impunidade de seus colegas acabam desgastando o conjunto dos parlamentares”, afirmou Fantazzini. “Não quero levar a pecha de ser conivente com a absolvição de envolvidos no mensalão”, afirmou o deputado do PSOL.
Fantazzini foi relator do processo de cassação de Henry no Conselho de Ética da Câmara. Ele concluiu pela perda de mandato, mas o seu parecer foi derrotado na votação do colegiado. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) fez, então, um novo parecer recomendando o arquivamento do processo.
Fantazzini lembrou que ele e Chico Alencar já declararam o voto pela cassação, mas que, mesmo assim, vão levar até a urna os seus votos contra a absolvição de Henry fora dos envelopes para quem quiser ver. Os deputados do PSOL fixaram um adesivo em suas roupas com a frase: “Não ao acordão! Sim à cassação!”