O advogado e ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, acredita serem ilegais todas as diligências feitas pela Polícia Civil após o dia 11 de outubro, no caso que ficou conhecido como a grampolândia pantaneira. Isso incluiria o depoimento do cabo da Polícia Gerson Corrêa Júnior que entre outras coisas, o acusou de ser financiador do esquema de interceptações telefônicas clandestinas. A oitiva do militar ocorreu no último dia 16, horas antes da decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Campbell, que avocou todos os inquéritos sobre o caso, chegar ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
Além de ver ilegalidades nas diligências comandadas pelos delegados Ana Cristina Feldner e Flávio Stringueta após a decisão de Campbell, o que para ele “atenta contra o STJ”, Paulo negou todas as acusações. “O advogado Paulo Taques reafirma que não cometeu crime de escuta ilegal tampouco ordenou que cometessem tal prática ilegal e declara que todos os esclarecimentos necessários serão prontamente prestados ao STJ”, afirmou por meio de assessoria de imprensa, uma vez que se encontra preso no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC).
A análise da legalidade, ou não, do depoimento de Gerson, preso desde maio por decisão da Justiça de Mato Grosso, deverá ser feita por Campbell após manifestação do Ministério Público Federal (MPF). Os seis inquéritos que tramitavam no Estado e tratavam de interceptações, todos sob a relatoria do desembargador Orlando de Almeida Perri, foram remetidos na última terça-feira para Brasília.
Em entrevista concedida ao programa Cadeia Neles, da RecordTV Cuiabá, Feldner defendeu a legalidade do depoimento de Gerson, uma vez que ele ocorreu antes da notificação oficial da decisão de Campbell. “Foi um depoimento legal, embasado dentro da total legalidade. Nós ouvimos as pessoas, às vezes, criticando porque já havia a decisão do ministro do STJ e por que a Polícia Civil estaria trabalhando? Eu quero ressaltar que esse trabalho foi legal. Os conhecedores da lei sabem que a gente só deve tomar conhecimento de forma oficial, após uma intimação oficial. Nós fomos intimados da decisão do STJ às 19h54 de segunda-feira, o que mostra que a Polícia Civil trabalhou de forma incessante e realmente de forma árdua. Durante todo o tempo dessa investigação, nós não tivemos descanso”, salientou a delegada.
Além de Paulo Taques e de outros militares, Gerson citou em seu depoimento membros do Ministério Público Estadual (MP) e do Judiciário. Nesta semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, negou seguimento a um habeas corpus impetrado pela defesa de Paulo Taques. Ele entendeu que os advogados devem aguardar o julgamento do mérito de um pedido semelhante, formulado junto ao STJ.