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País é recordista em consumo de remédios para emagrecer

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O Brasil consome quase 90% das drogas para emagrecimento no mundo. A constatação é da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), que hoje (24) divulgou o 2º Levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, realizado em 2005. Em comparação ao primeiro estudo, de 2001, o número de usuários desse estimulante dobrou no país, pulando de 1,5% para 3%.

“Não sou eu quem diz isso. É a Organização das Nações Unidas [ONU]. Inclusive, virá ao Brasil uma missão só para saber por que somos os campeões mundiais no uso dessa droga lícita”, assinala o diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), Elisaldo Carlini. A entidade participou do estudo da Senad.

O uso exagerado de remédios para emagrecer no país, as chamadas “drogas anorexígenas”, está levando o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a estudarem medidas para conter o consumo dessa droga, revela o secretário Nacional Antidrogas, Paulo Roberto Uchoa. “Preocupa-nos essa péssima liderança. Mas em curto prazo teremos decisões. Haverá medidas para que haja um consumo controlado”.

Carlini responsabiliza principalmente as mulheres pelo fato de o país ocupar essa liderança. “O que ocorre é uma cruel imposição cultural sobre a brasileira, que só pode ter sucesso se for magrinha”. Para ele, os médicos prescrevem remédios para emagrecimento “não por razões médicas, mas por questões estéticas, o que acaba criando dependência”.

Em Portugal, há quatro anos, essa droga foi proibida de ser comercializada, por causar dependência e até levar a morte. “Acho que o Brasil deveria tomar medidas severas. Impedir o uso por razões estéticas, só fazendo uso em casos extremos”, recomenda Carlini.

Em março deste ano, o relatório anual de 2005 da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), uma organização independente que auxilia a ONU nesse tema, já havia colocado o Brasil como o maior consumidor mundial de anfetaminas. O produto é usado na composição de muitos remédios para emagrecer.

Na ocasião, Carlini afirmou que o Brasil consumia cerca de 30 toneladas de anfetaminas por ano. Em 1995 e 1996, o consumo brasileiro girava em torno de 22 toneladas.

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