O ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, chegou a CPMI do Cachoeira sem advogado e não quis falar com a imprensa. Ele iniciou seu depoimento utilizando os primeiros minutos para falar sobre sua história de trabalho, os cargos que ocupou junto ao falecido senador Jonas Pinheiro e também no governo do Estado (gestão Blairo Maggi). Se considerou um “tocador de obras” e ressaltou que isso o fez chegar ao Dnit.
O ex-diretor mantém o relato de suas atividades no comando do Dnit. “Enfrentei a barreira burocrática para superar o anacronismo e me aliei aos funcionários de carreira. Com a colaboração desses anônimos, estabelecemos um novo marco para o Dnit. Nunca escondemos nossos problemas”. Segundo ele, ainda foi estabelecido normativas para o combate da corrupção no órgão.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), realiza as primeiras perguntas para Pagot. Afirmou ter conhecido apenas Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta na região Centro-oeste, e Fernando Cavendish, principal acionista da construtora. A empresa participava de obras do Dnit. Negou que tivesse conhecimento da ligação entre os diretores da Delta com o contraventor Carlos Cachoeira, assim como disse desconhecer este último. Disse que teve conhecimento dele e da ligação com a Delta apenas pelos jornais.
O parlamentar questionou Pagot o porquê de Cachoeira comemorar sua saída do Dnit [ele leu alguns diálogos interceptados pela Polícia Federal]. Pagot disse que a empresa apresentou problemas de execução em algumas obras. Segundo ele, a documentação com críticas ao trabalho da construtora podem ter gerado este “clima ruim” com os representantes da empresa, em especial na região do Centro-oeste. “No interesse de preservar a qualidade das obras e de garantir o cronograma, acredito que tenhamos gerado um dissabor com o senhor Claudio Abreu”, disse. Para ele, isso teria motivado a atuação de integrantes da empresa em “plantar” notícias contra ele para motivar sua saída do Dnit.
Segundo Pagot, auditorias internas do Dnit identificaram falhas em execução de obras e indícios de corrupção envolvendo a Delta. O relator questinou se o ex-diretor jantou com o ex-senador Demóstenes. Pagot disse que houve um jantar em 2010, mas não trataram de temas relacionados ao seu trabalho no ministério. O ex-senador teria apenas mencionado seu interesse em ingressar no PMDB.
Pagot afirmou que foi convidado para participar de um jantar, organizado pelo ex-senador, e que estavam Fernando Cavendish, Claudio Abreu e mais dois diretores da Delta. Durante o encontro, os dirigentes perguntaram sobre obras do PAC e um deles teria pedido que obras (duas no Mato Grosso) fossem destinadas à construtora. Pagot disse que não teria como atender ao pedido.
Conforme Só Notícias já informou, Pagot assumiu o cargo de diretor-geral do Dnit em 2007 e foi afastado em 2011, após denúncias de irregularidades que forçaram também a saída do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e abriram uma crise política entre o PR e a presidente Dilma Rousseff.
O requerimento para convocar Pagot foi aprovado pelos parlamentares depois que ele declarou, em várias entrevistas, que teria deixado o Dnit por pressão do grupo de Cachoeira. O contraventor defendia interesses da empresa Delta no órgão. Pagot também afirmou, que era constantemente procurado por diversos partidos para captar, junto a empreiteiras, doações ilegais para campanhas de políticos. O depoimento dele é um dos mais esperados pelos parlamentares.
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(Atualizada às 11h20)