sábado, 20/abril/2024
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Pagot discute fragilidade no transporte de cargas

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“Se não houver investimento em infra-estrutura; não adianta, a produção estará comprometida”. Sob esse foco, o economista e secretário de Estado de infra-estrutura, Luiz Antônio Pagot, proferiu ontem, a palestra “Logística de Infra-estrutura e Desenvolvimento de Mato Grosso”. O tema faz parte de uma rodada de debates realizada pelo Conselho Regional de Economia, envolvendo profissionais da área na discussão sobre a participação da sociedade e poder público no desenvolvimento de Mato Grosso.

Segundo Pagot, a participação do poder público é fundamental para o desenvolvimento de algumas especificidades, como a implementação de soluções quanto ao escoamento da produção brasileira. No caso de Mato Grosso não é diferente, uma vez que a maior via de escoamento da produção está localizada no centro do estado, a BR-163. Considerada um corredor de exportação Centro Amazônico, a BR-163 possui um papel estratégico não apenas no deslocamento de cargas, mas principalmente na possibilidade de integração do eixo norte-sul.

Com sua pavimentação, ligando os trechos Cuiabá (MT) – Santarém (PA), são esperadas a ampliação não somente do volume de cargas, como o incremento de novos produtos, partindo não apenas de Mato Grosso, como subindo da região sudeste do país, integrando os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Outra prática que surgirá com a implementação da BR-163 será a “troca” de produtos entre Mato Grosso e os estados do norte, como Pará e Amazonas, que colocarão na rodovia os insumos necessários para a produção agrícola mato-grossense.

De acordo com Pagot, neste sentido de projeção no entorno da BR, o crescimento agroindustriário mato-grossense será inevitável, uma vez que já existe o interesse de grandes indústrias na aquisição de espaço em cidades do norte, como Sinop e Sorriso. “Hoje o Governo do Estado está investindo não apenas na recuperação e pavimentação de rodovias, mas estamos aplicando recursos nos pólos industriais, como Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis e, esperamos que o estado se desenvolva no sentido da produção industrial”, afirmou Luiz Pagot.

Outra expectativa gerada com a pavimentação da rodovia será o escoamento da produção centro-oeste, principalmente de Mato Grosso, conduzida pela BR-163 até os portos internacionais, como Manaus (AM), Santarém e Miritituba (PA) e Vitória (ES), localizados no eixo norte de influência da rodovia; e os portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS), ao sul do país. A intensificação no transporte de cargas via modal hidroviário, conseqüentemente, alavancará investimentos no setor da construção naval, provocando uma reestruturação dos terminais e o aprimoramento no transporte de produtos.

“O corredor centro-amazônico está adormecido e depende do despertar da BR-163. Um exemplo disso, são as cargas mato-grossenses que precisam sair e a comercialização da produção industrial de Manaus que precisa ser reativada”, exemplificou Pagot.

FERROVIÁRIO – O modal ferroviário é outra via de intensificação do transporte de cargas no estado, uma vez que o fácil acesso aos terminais cargueiros estará atrelado ao escoamento conduzido pela BR-163. Hoje, a Ferronorte trabalha com o transporte de aproximadamente sete milhões de toneladas, considerando que os trilhos não avançaram o município de Alto Araguaia, localizado 415 km ao sul de Cuiabá.

Com a chegada dos trilhos até Rondonópolis, 220 km ao sul, a expectativa é para que o transporte seja diversificado, incluindo não apenas soja, como milho, algodão e outros produtos. Nessa altura, a ferrovia teria sua carga incrementada, passando para o locomoção de 10 milhões de toneladas. A partir de sua chegada até Diamantino, 208 km a médio-norte, a ferrovia passaria a trabalhar com o transporte de aproximadamente 16 milhões de toneladas.

Os trilhos ainda têm um obstáculo a ultrapassar. Por uma questão administrativa, a passagem dos vagões está condicionada a permissão de tráfego no trecho que corta a cidade de São Paulo. Dessa forma, a passagem é liberada a partir das 22 h até as 4 h da manhã seguinte. No horário restante, o espaço é utilizado pelas linhas de metrô da capital.

HIDROVIAS – Segundo o secretário, a utilização do modal hidroviário é mais delicada do que se pensa. Atualmente seria necessária a aplicação de grandes montantes a fim de viabilizar a rota em determinados rios. Os investimentos iriam desde a dragagem de grandes leitos como o rio das Mortes, até a recomposição de suas margens, que hoje avançam terra adentra, assoreando a calha do rio. No caso específico da hidrovia rio das Mortes – Araguaia, o leito sofre com as freqüentes formações de bancos de areia, que tornam a navegação impraticável.

Uma via que poderá ser utilizada para o escoamento da produção mato-grossense é a hidrovia Guaporé, no trecho entre Porto Velho (RO) até o município de Vila Bela da Santíssima Trindade, 521 km a oeste de Cuiabá. O trecho é navegável durante todo ano, comportando balsas com calado até dois metros. No período chuvoso, são permitidas embarcações com calados de até quatro metros de profundidade.

RECURSOS – Os investimentos do Governo Federal na infra-estrutura nacional, apontam para um diagnóstico preocupante. Há cerca de 11 anos, o Ministério dos Transportes efetivou o repasse de R$ 10 bilhões para obras de construção e restauração de infra-estrutura. No ano de 2003, o repasse sofreu uma redução, passando para R$ 1,2 bilhão; já em 2004, o montante não superou os R$ 2,3 bilhões. A escassez de recursos em infra-estrutura multi-modal reflete na ausência de uma logística de transporte eficaz, capaz de coibir o estrangulamento na escoação da produção nacional.

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