A Ong Moral protocolou carta aberta no Palácio Paiaguás se manifestando contrária à recondução do procurador de Justiça Paulo Prado à chefia do Ministério Público Estadual (MPE) pelo governador Pedro Taques (PDT). No documento, o grupo afirma ser constrangedor ter uma autoridade sob suspeita no comando da instituição e diz que as denúncias envolvendo o nome de Prado na operação Ararath não teriam sido esclarecidas.
A entidade ainda lembra o pedetista que Prado foi procurador-geral do MPE durante os governos de Silval Barbosa (PMDB) e Blairo Maggi (PR) e demonstrou falta de independência no período. No ano passado, quando veio à tona a lista de nomes de membros do Ministério Público nos documentos apreendidos pela Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF) na residência do ex-secretário de Fazenda Eder Moraes, durante a operação Ararath, a ong pediu que o Conselho Superior do MP instaurasse uma investigação, no entanto, segundo a entidade, o pedido foi arquivado. No documento enviado a Taques, a Ong Moral também atribui a Paulo Prado a permanência do deputado José Geraldo Riva (PSD) na presidência da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, apesar dos processos contra o parlamentar. Processos, no entanto, que foram movidos pelo próprio MPE.
As denúncias da Ararath envolvendo membros do MPE indicavam pagamentos a promotores e procuradores. Na época do escândalo, Prado explicou que a lista se referia a cartas de crédito paga a quem tinha direitos trabalhistas a receber. Segundo ele, as negociações foram feitas com deságio de 25% e parceladas em 12 vezes.
O procurador-geral, por sua vez, se manifestou dizendo que está tranquilo quanto ao pedido da Ong Moral e lembrou que teve maioria absoluta dos votos nas eleições do Ministério Público no ano passado. “Eu tive 70% dos votos dos promotores e procuradores, uma classe exigente e consciente. Tenho 25 anos de MP, sempre atuei fortalecendo a relação da insti- tuição com a sociedade. O governador Pedro Taques me conhece a mais de 20 anos, por- tanto estou tranquilo”. Ele lembrou ainda que a Ong Moral criticou o governador Pedro Taques no ano passado, na imprensa, acusando-o de ter empregado a filha de Fernando Mendonça, também investigado na Ararath, no seu gabinete no Senado. Mendonça foi o principal doador de campaha de Taques em 2010.
A reportagem buscou o posicionamento do governador com relação à solicitação da Ong Moral, no entanto, até o fechamento desta edição, não obteve êxito com a assessoria. Prado lidera a lista tríplice enviada a Pedro Taques. Ele recebeu 147 votos no último dia 10 de dezembro e seus concorrentes, o promotor Vinícius Gahyva e o procurador Edmilson Pereira, receberam 68 e 66 votos, respectivamente.Taques, durante a campanha, se comprometeu em nomear para o cargo de procurador-geral o candidato mais votado, conforme preconiza a tradição na instituição, embora seja prerrogativa do governador realizar a escolha livremente.A lista foi entregue na sexta-feira (2) e a partir de então o governador tem 15 dias para fazer a indicação. A posse do novo procurador- geral está prevista para março.