A sessão conjunta das CPIs dos Correios e do “Mensalão” se tumultuou com a polêmica em torno de uma suposta nova lista de sacadores das contas de Marcos Valério Fernandes de Souza. O deputado federal e vice-presidente da CPI do “Mensalão”, Paulo Pimenta, o pivô do tumulto, já entrou em contradição sobre como teve acesso à lista. Os parlamentares devem ouvir hoje o sócio de Marcos Valério na agência SMPB, Cristiano Paz.
A nova lista, supostamente, seria mais ampla que a revelada ontem por Valério durante seu depoimento à CPI do “Mensalão”, que registra 79 saques e envolve membros do PSDB.
Primeiro, Pimenta afirmou que recebeu na madrugada de hoje, das mãos dos advogados do publicitário Marcos Valério, uma nova lista de sacadores de recursos do Banco Rural.
A declaração provocou a interrupção quase que imediata da sessão conjunta e protestos exaltados por parlamentes da oposição. Segundo Pimenta, esta lista se refere a saques ocorridos em 1998 e sem recibo. “Como não tem recibo, Marcos Valério preferiu não tornar públicos os nomes destes sacadores”, explicou Pimenta. A lista teria nomes do PSDB de Minas Gerais relativos à eleição de 1998.
Há pouco, Pimenta disse: “Esta lista que estava sobre a minha mesa e que estava circulando entre vários parlamentares”. Segundo o deputado, ele esperou “pacientemente” o término do depoimento de Valério, que se estendeu até as 2h da madrugada de hoje, para conferir a autenticidade da lista.
O surgimento da nova lista ocorreu após o deputado Julio Redecker (PSDB-RS) ter cobrado de Pimenta o teor da conversa mantida por ele, de forma privada, com Marcos Valério após a sessão da CPI.
O deputado tucano afirmou que Paulo Pimenta pegou uma carona no carro de Valério e pediu detalhes da conversa mantida entre o vice-presidente da CPI e o depoente. Pimenta negou que tenha pego carona com Marcos Valério. Ele informou que apenas acompanhou o publicitário até o seu carro e que lá lhe foi entregue a nova lista.
O advogado de Marcos Valério e Cristiano Paz, Paulo Sérgio Abreu e Silva, afirmou que não repassou a lista à Pimenta. Para alguns integrantes das CPIs, Pimenta quis “valorizar o passe” porque o documento conteria mais nomes do PSDB. O deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ)pediu que o novo documento não seja integrado à documentação oficial da CPI já que a lista não teria procedência confirmada.