Depois de substituir o ministro da Defesa Waldir Pires por Nelson Jobim, o governo prepara mudanças no comando da Infraero para dar uma satisfação à sociedade, diante do agravamento da crise no setor aéreo. Além do presidente da estatal, brigadeiro José Carlos Pereira, os três diretores que ainda restam da gestão anterior do ex-presidente Carlos Wilson deverão deixar seus cargos. Dois deles, por determinação da Controladoria Geral da União (CGU) – que investiga denúncias de irregularidades nas obras e contratos da estatal: Eleuza Therezinha Lores (diretora de Engenharia) e Marco Antônio Marques de Oliveira (diretor de administração).
Eleuza foi a responsável por todas as obras da estatal, que administra os 67 aeroportos mais movimentados do país e Oliveira estaria envolvido com suspeitas de irregularidades em obras no aeroporto Marechal Rondon , em Várzea Grande. O afastamento dos dois será submetido ao conselho de administração da Infraero, que já foi adiado por duas vezes.
Já deixaram seus cargos por determinação da CGU os diretores financeiro, Adenauher Figueira Nunes e comercial, José Wellington Moura. O único que se mantém no cargo sem suspeitas de participação em irregularidades é o diretor de operações Rogério Barzellay. Ao todo já foram afastados da empresa oito funcionários, incluindo superintendentes, assessores e advogados.
Segundo uma fonte do governo, Jobim recebeu carta branca do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para fazer as mudanças na Infraero. Como ministro da Defesa, ele exercerá a presidência do conselho de administração da estatal. Apesar da boa relação entre o brigadeiro e o presidente, a avaliação do Palácio é que seria necessário trocar a cúpula do setor para acabar com as críticas de falta de comando do governo. Teria também um caráter moralizatório, diante da enxurrada de denúncias de corrupção que tomou conta da estatal.
Nesta quarta, Pereira deu expediente normal na Infraero e negou que ter sido comunicado de que terá de deixar o cargo. Ele lembrou que a sua indicação é de competência exclusiva do presidente Lula.
“Amanhã (quinta) estarei na transmissão de cargo (na Defesa), esperando ordens”, disse Pereira.
Durante o dia, vários nomes foram cogitados para substituir Pereira. Além do ex-presidente do Banco do Brasil, Rossano Maranhão, que está no Banco Safra, foram citados o senador Fernando Bezerra (PMDB-RN), que foi ministro da Integração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do brigadeiro, Jorge Godinho, ex-diretor do extinto Departamento de Aviação Civil (DAC), substituído pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Godinho foi levado para a Defesa por Pires para trabalhar na proposta de desmilitarização do controle de tráfego aéreo – engavetada durante a crise. (Agência Globo)