O Ministério Público Federal denunciou 171 pessoas investigadas pela Polícia Federal na Operação Jurupari, desencadeada há dois anos, que resultou em dezenas de prisões por crimes ambientais em Mato Grosso. Na lista dos denunciados estão Luiz Daldegan, ex-secretário de Meio Ambiente no governo de Blairo Maggi (PR), os ex-secretários-adjuntos da Sema Alex Sandro Marega e Afrânio Migliari, o ex-conselheiro do Tribunal de Contas Ubiratan Spinelli, Sílvio Corrêa, chefe de gabinete do governador Silval Barbosa (PMDB) e Janete Riva (esposa do deputado José Riva). A informação é do Diário de Cuiabá. O MPF aponta que a suposta organização era composta por “servidores públicos com alto poder de decisão, lobistas, responsáveis técnicos, madeireiros e proprietários rurais”. Eles interferiam na aprovação de projetos de manejo florestais no Nortão (para retirada de árvores que seriam beneficiadas – transformada em madeira e vendidas).
O MPF e Polícia Federal concluíram que também houve emissão fraudulenta de autorizações de desmate, guias de transporte e créditos florestais, documentos que permitiam “esquentar” madeiras retiradas de áreas protegidas. Foram 68 casos que, segundo a PF, resultaram em danos ambientais estimados em R$ 900 milhões.
O MPF quer que a Procuradoria Geral da República investigue o deputado federal Eliene Lima (PSD), os deputados estaduais José Riva (PSD) e Mauro Savi (PR) e o ex-deputado estadual Juarez Costa (PMDB), que hoje é prefeito de Sinop. Eles são acusados, na denúncia, como “expoentes” do suposto braço político do esquema. Eles devem ser investigados pela procuradoria porque têm foro privelegiado. “O centro deste comando era provido de agentes políticos detentores de cargos na Câmara dos Deputados, na Assembleia Legislativa e junto ao Poder Executivo estadual”, acusa o Ministério Público Federal.
A denúncia do MPF é que que o esquema operava em quatro níveis interdependentes: político (deputados), técnico (servidores públicos da Sema), burocrático (secretários e adjuntos) e empresarial (madeireiros). Ainda de acordo com o Diário, a denúncia está na Justiça Federal e ainda não foi analisada pelo juiz Fábio Fiorenza, substituto da 5ª Vara.