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Ministro rompe silêncio e nega ter mandado quebrar sigilo de caseiro que lhe acusou

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O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, negou estar envolvido na quebra ilegal do sigilo da conta do caseiro Francenildo dos Santos Costa na estatal Caixa Econômica Federal (CEF), disse à Reuters nesta quarta-feira uma fonte qualificada do governo.

Com base nessa informação, transmitida por Palocci ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos ministros da coordenação de governo na segunda, o Planalto manteve a linha, acertada há uma semana, de sustentar a permanência do titular da Fazenda.

Há uma semana, o caseiro Francenildo contradisse declaração de Palocci à CPI dos Bingos. Afirmou que o ministro teria freqüentado a casa alugada por assessores acusados de irregularidades. Na sexta, depósitos feitos em sua conta na CEF foram divulgados pela revista Época, deixando o governo sob suspeita de violação ilegal de sigilo.

Caso a Polícia Federal venha a comprovar as suspeitas de envolvimento de auxiliares diretos de Palocci e de dirigentes da CEF, subordinada à Fazenda, no vazamento dos dados, haverá punições, seguindo orientação do presidente Lula.

Confirmada essa hipótese, a situação poderá ser reavaliada, levando em conta a repercussão e o grau de proximidade com o ministro dos eventuais responsáveis. Mesmo com este cenário no horizonte, a decisão política de mantê-lo é “muito firme” por parte de Lula, com apoio da coordenação, assegurou a fonte.

Lula sustenta que esse e outros episódios seriam alimentados artificialmente pela oposição, visando a enfraquecer o governo e sua candidatura à reeleição, em outubro.

“A leitura política do governo e a disposição pessoal do ministro nesse episódio não mudaram desde a semana passada: Palocci fica porque a oposição não quer derrubá-lo, quer minar o governo e o presidente”, resumiu o auxiliar de Lula.

Operação desastrada
A versão apresentada por Palocci sobreviveu a uma segunda análise, na manhã de terça-feira, feita por ele com ministros da coordenação política. O presidente Lula estava no interior da Bahia, mas recebeu relatos telefônicos e manteve a orientação.

Além da palavra de Palocci, os resultados imediatos da quebra de sigilo fortalecem a versão de que ele não teria autorizado, pelo menos, o vazamento dos dados.

A estratégia de Palocci era de não alimentar o noticiário sobre o assunto com declarações públicas, e esperar que o episódio caísse no esquecimento. O ministro apostou no silêncio para não se confrontar publicamente com uma pessoa de origem humilde, nem expor ainda mais sua vida pessoal. O efeito do vazamento foi exatamente o contrário, avaliou a fonte do governo.

Os primeiros sinais de que o Planalto continuaria defendendo Palocci, mesmo que algum auxiliar direto ou indireto do ministro tivesse participado da operação ilegal, foram transmitidos ainda segunda-feira.

“O Palocci não tem nada a ver com isso”, dizia naquela tarde o presidente da Infraero, Carlos Wilson, depois de ter conversado com Lula e com o alguns ministros, inclusive o da Fazenda. “Se alguém queria mostrar serviço (com o vazamento dos dados), acabou cometendo uma precipitação, atrapalhou”, acrescentou Wilson.

“Bode expiatório”
No Congresso, aliados do governo também passaram a trabalhar com a “teoria do bode expiatório”, como definiu um dirigente do PMDB.

O episódio provocou uma elevação da temperatura política que não permite acobertar os responsáveis pela violação do sigilo, pelo menos os que tenham tido participação direta, argumentou esse dirigente aliado do governo.

Além disso, as suspeitas levantadas inicialmente pelo caseiro Francenildo sobre a Polícia Federal desataram um processo de autodefesa da corporação, que tem a solidariedade do ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos.

“O inquérito da PF sobre o vazamento deve caminhar rapidamente e vai apontar os verdadeiros culpados”, disse um auxiliar do ministro. “É a imagem da corporação e a do próprio ministro que estão em jogo.”

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