A direção do PT confirmou na tarde desta terça-feira o pedido de afastamento do tesoureiro Delúbio Soares e divulgou uma carta endereçada à Executiva Nacional. No documento, Delúbio defende-se das acusações de que estaria envolvido em um suposto esquema de pagamento de mesadas a deputados da base aliada e colocou à disposição seus sigilos fiscal, bancário e telefônico.
Delúbio é um dos citados pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos “cabeças” do suposto esquema de pagamento de mesada a deputados da base aliada –o “mensalão”. Jefferson acusou Delúbio de ter o publicitário mineiro Marcos Valério como um dos “operadores” do suposto “mensalão”. Segundo o deputado, o publicitário fazia a “distribuição de recursos”, em malas. Delúbio negou as acusações, chamando-as de “chantagem” e tentativa de golpe da direita.
O tesoureiro do PT, Delúbio Soares
Na última quinta-feira (30), em nova entrevista à Folha, Jefferson afirmou ter ouvido relato de um então diretor de Furnas Centrais Elétricas sobre um suposto caixa dois da estatal. De R$ 3 milhões, segundo o deputado, R$ 1 milhão iria para o “PT nacional, pelas mãos do Delúbio”.
O tesoureiro vinha sendo pressionado para se afastar da direção da sigla depois das denúncias, mas sua situação se complicou no último final de semana, quando admitiu ter dado informação equivocada ao presidente da sigla, José Genoino, sobre um empréstimo de R$ 2,4 milhões com o banco mineiro BMG, em 2003.
O empréstimo teve como avalista o publicitário Marcos Valério, apontado por Jefferson como operador do “mensalão” e cujas empresas de propaganda atuam junto a estatais e já faturaram mais de R$ 140 milhões em contratos de prestação de serviço.
Delúbio é o segundo dirigente petista a pedir afastamento. Ontem, o secretário-geral do partido, Silvio Pereira, havia pedido licença do cargo.
Os substitutos serão definidos nas reuniões do Diretório Nacional, marcada para os próximos dias 9 e 10.