Dirigentes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas defendem cautela com as novas denúncias sobre envolvimento de políticos com a compra superfaturada de ambulâncias. A Polícia Federal prendeu novamente o empresário da Planam, Luiz Antonio Trevisan Vedoin, e seu primo Paulo Roberto Trevisan Vedoin, que venderiam em São Paulo possíveis provas contra políticos tucanos, entre eles o candidato ao governo de São Paulo José Serra (PSDB-SP).
Para o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), é preciso “cautela” até mesmo porque a comissão não dispõe desses documentos e não pode basear suas investigações em matérias da imprensa. Segundo Biscaia, a CPI precisa receber a documentação para então verificar o que existe de fato e partir daí ver as providências a serem tomadas.
Também o vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), defende cautela nesse momento. Segundo ele, se existem novos documentos é preciso que eles sejam encaminhados à CPI para que os mesmos possam ser analisados. O sub-relator, deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), engrossa o coro e defende calma. “A gente vai ter que examinar essas novas denúncias com calma e ver o que realmente houve e porque elas foram lançadas na véspera das eleições. Estamos no principio dos acontecimentos é preciso aguardar”.
“A gente está procurando ter muita prudência com esse problema que parece eleitoral”, disse Gabeira. E acrescentou: “Vamos esperar a decantação dos fatos para então investigar o que aconteceu”. Segundo o sub-relator, a CPI não pode entrar nesse esquema que parece eleitoreiro. Para o parlamenar, a credibilidade de Luiz Antonio Trevisan Vedoin, sócio da Planam (empresa acusada de comandar o esquema) está em razão dos documentos que ele apresenta à CPMI e à justiça. “OP fato do que aconteceu agora não compromete as investigações da CPI”, disse Gabeira.
O deputado Fernando Gabeira criticou a atitude de Luiz Antonio Vedoin, que foi preso hoje em Cuiabá (MT). “Ele (Vedoin) está soltando notícias com objetivos financeiros e tentando fazer negócios, além de tentar tumultuar a credibilidade da CPMI”, disse. Gabeira recordou, ainda, que quando Vedoin fez acusações contra o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), que tem a responsabilidade de conduzir o julgamento dos processos contra os deputados acusados de envolvimento com o esquema de comrpa superfaturada de ambulâncias, ele (Luiz Vedoin) estava tumultuando a credibilidade da CPMI”.
Na semana passada, após depor no Conselho de Ética do Senado, o empresário Luiz Antonio Vedoin foi advertido pelo presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia, de que ele não poderia ficar soltando denúncias “a conta gota” e que se ele tivesse alguma outra denúncia ou prova deveria apesentar à CPI ou a justiça. Biscaia disse também a Vedoin que ele estava com o beneficio da delação premiada e que poderia perder esse beneficio caso sonegasse informações ou ficasse soltando novas denúncias pela imprensa.