Um encontro realizado esta semana, em Cuiabá, colocou frente-a-frente técnicos da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema) e representantes de grande parte das principais empresas que têm ligação direta com o setor madeireiro, e de transportadores e compradores de lenha. O tema foi o cadastramento dos vendedores e consumidores do produto, em Mato Grosso, e a reposição florestal.
“Esse cadastramento é importante porque torna eficaz o controle dos consumidores dos produtos florestais, como forma de ampliar e aperfeiçoar mecanismos para o reflorestamento e, conseqüentemente, o estado exercer domínio total sobre o meio ambiente nesse cenário”, afirmou o articulador da reunião, o deputado José Carlos Freitas (PFL).
A partir do cadastramento, a Sema – que assumiu a gestão florestal no estado, em lugar do Ibama – vai controlar tudo o que sair das produções primária e secundária para o consumidor final. Com esse rigor amparado na legislação, técnicos da instituição garantiram que em pouco tempo Mato Grosso será auto-suficiente na produção de lenha.
A orientação da secretaria é para que os representantes do setor estejam atentos para três opções, no caso da reposição florestal: pagar (pelo desmate) – que é o que menos interessa ao órgão ambiental; plantar; ou lançar mão de reflorestadores.
“Nosso objetivo é que essa atividade perdure por muitos anos e que a existência da madeira e da lenha seja perene para abastecer a comunidade. A madeira é tão importante na vida do ser humano, que está diretamente ligada a ele desde o berço que o acalenta quando criança ao caixão funerário, no fim da sua vida”, alertou o engenheiro Joaquim Paiva, técnico em Atividade Ambiental da Sema.
Para o supervisor de Transporte de Produtos Florestais da Sema, Felix Resende, a reunião serviu para que todos tivessem esclarecimentos sobre como se deve trabalhar com a atividade ambiental nos dias atuais, no estado. “Esse encontro foi um dos melhores, dos quais participei até hoje por ter sido composto por um grupo não ampliado e, por isso, mais seleto e empenhado no esclarecimento de dúvidas em torno do cadastramento”, salientou Resende.
Quase todas as cidades mato-grossenses que fazem divisa com o Pará foram palco de reuniões semelhantes. A exceção foi Alta Floresta pelas condições ruins de tempo e impossibilidade de pouso de aeronaves na localidade, no dia marcado. “Estamos levando esclarecimentos para o setor nas regiões de Juara, Colniza, Sinop, Marcelândia, Guarantã do Norte, Apiacás e, graças a Deus, o pessoal está nos entendendo e atendendo”, comemorou Resende.
“A Sema assumiu toda essa atividade de gestão florestal no estado e estamos trabalhando em cima das leis que foram recém-aprovadas. E a comunidade, que não participou da elaboração, está encontrando algumas dificuldades. Daí, a importância deste encontro para que também pudéssemos colher informações que – talvez, no futuro – venham a ser aproveitadas”, disse Paiva.
Além do sistema de radar, a secretaria dispõe de um centro de monitoramento que permite rastreamento diário do estado sobre queimadas e desmatamentos, e fornece informações em tempo real. As informações são precisas, inclusive com as coordenadas, facilitando o deslocamento dos fiscais e possibilitando flagrantes, autuações e até prisões, dentro dos dispositivos legais.
Lenheiros se organizam
Pelo menos 30 lenheiros que atuam em regiões da Baixada Cuiabana estão mobilizados e em fase de organização de uma cooperativa da categoria. Antes apenas dedicados ao corte da madeira, com as dificuldades impostas pela condição de clandestinidade eles também assumiram o transporte e até o abastecimento das empresas.
À frente do grupo, o lenheiro Leosvandro Luis da Silva (Léo) está otimista para a regularização da categoria em pouco tempo. “Estamos buscando, junto aos companheiros a nossa organização para viabilizar a criação de uma cooperativa. Precisamos viabilizar essa atividade de trabalho que vem se arrastando há vários anos como clandestina e sempre enfrentando dificuldades com documentações”, salientou Léo.
Ele lamentou que seu grupo está atravessando momentos de dificuldades até financeiras, principalmente porque pararam de trabalhar. “Isso se deu porque a fiscalização foi intensificada com a entrada da Sema em atividade”, completou.
A previsão é que até a próxima semana, os lenheiros já tenham a cooperativa registrada e recomecem o trabalho de forma legal, documentada. A figura jurídica da cooperativa, de acordo com Leosvandro Silva, vai facilitar por ter um corpo jurídico, credibilidade e força para reivindicar e também trabalhar em parceria com a Sema.
Além de deixarem a clandestinidade, haverá o amparo para os funcionários do setor. “Todos vão ganhar com isso. Tem tudo para dar certo”, concluiu o líder da mobilização.
——————————-