Mato Grosso dá adeus ao seu grande líder: Dante de Oliveira

O maior político da história de Mato Grosso morreu sem alcançar seu último objetivo: voltar para a Câmara dos Deputados, para um novo mandato de deputado federal, na casa onde ganhou projeção nacional na luta pela democracia ao ser o autor da emenda das ‘diretas já’ para que o povo pudesse escolher seu presidente da República.
Uma grande parcela dos mato-grossenses só hoje deu conta da importância que Dante teve para o Brasil e para Mato Grosso. A dimensão de sua luta e do seu trabalho só agora podem ser constatadas. Em todo o país, as principais lideranças políticas enaltecem Dante que foi deputado estadual, deputado federal, ministro da Reforma Agrária, prefeito de Cuiabá e governador por dois mandatos. Até os adversários estaduais, que vinham fazendo pesados e humilhantes ataques a Dante, nos últimos anos, hoje se curvam diante de sua grande representatividade para Mato Grosso. Honras de chefe de Estado, homenagens no Congresso Nacional, seu nome colocado na prefeitura de Cuiabá e na mais importante avenida da capital. O reconhecimento chega com sua partida.

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Do amigo íntimo e de lutas desde o movimento estudantil, o senador Antero Paes de Barros, vem uma definição emocionada: “Dante foi o maior político da nossa geração. Mas foi muito injustiçado”.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), divulgou nota: “É com grande tristeza que recebo a notícia da morte de Dante de Oliveira. A sociedade brasileira tem uma dívida de gratidão para com esse homem público que, enquanto deputado federal, propôs, naquele conturbado ano de 1983, a emenda constitucional que restabeleceria as eleições diretas para presidente no país”, diz o texto de Lula

Na tribuna do Senado, o senador petista Paulo Paim (RS), recordou a luta de Dante pela democracia: “Eu falava como sindicalista, mas, quando se falava no nome de Dante de Oliveira, aquela massa que assistia os comícios tinha o seu momento de mais alta devoção, porque aquele era o autor da emenda das diretas. É com muito carinho e com muito respeito que quero assinar esse requerimento de solidariedade a toda a família. O Brasil perde um grande, um brilhante homem público – ressaltou.

O ex-presidente da República e senador José Sarney (PMDB) lembrou, em discurso emocionado, no Senado, quando decidiu nomear Dante seu ministro da Reforma Agrária: – Ulysses estava num restaurante com uns amigos, quando Dante chegou e contou “Sarney me convidou para Ministro da reforma Agrária”; e Ulysses surpreso brincou: “Sarney ficou doido?” – relatou o senador. Sarney disse ainda que seu governo teve dois ministros da reforma agrária com os quais o destino foi injusto – Dante de Oliveira e Marcos Freire, morto aos 56 anos em acidente de avião

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que está no exterior, disse que Dante de Oliveira deixa sua marca na história política do país e, em mim, em particular, que com ele convivi de perto. Com certeza, fará falta nas lutas próximas e futuras pelo fortalecimento da democracia no Brasil”, afirmou, em nota.

O ex-governador de Goias Marconi Perillo disse que Dante precisou morrer para ter o reconhecimento de sua história em Mato Grosso. Ele falou de injustiça ao nome do político falecido e de vida franciscana do ex-governador: “Morreu de mãos limpas” – disse o político goiano, ao que muitos remeteram ao envolvimento do nome do ex-governador no que se convencionou chamar de “Escândalo da Caixa Preta”, de triste memória, cujo levantamento e exposição parece não ter passado de um jogo político. O ex-prefeito de São Paulo, José Serra também fez menção semelhante dizendo que Dante foi muito injustiçado.

O líder do PSDB no Senado, Artur Virgilio (AM), fez um discurso emocionado: “Ele assumiu um gesto na vida que o consagrou – disse.

O presidenciável tucano Geraldo Alckmin disse que “a política brasileira sofreu uma grande perda, prematura e inesperada. O ex-ministro, ex-governador e ex-prefeito Dante de Oliveira, que exerceu todos os cargos com grande competência e seriedade, foi também um grande parlamentar.

Dante também foi responsável por revelar jovens líderes políticos no Estado. Um deles é o prefeito de Sinop, Nilson Leitão, de quem Dante era amigo íntimo. “Perdi mais que um irmão, um grande amigo. Foi ele o grande responsável por eu ter assumido na Assembléia Legislativa ( Nilson era suplente) e depois de ter me apoiado para ser eleito prefeito. Era um conselheiro dos momentos difíceis”, afirmou Nilson, ao Só Notícias.

Adversário de Dante, o governador Blairo Maggi disse que o ex-governador “ era um homem lutador, que brigava pelos sonhos dele. Dante foi um homem vitorioso. Ele acelerou o processo de redemocratização do país, teve coragem de fazer o que as pessoas tinham vontade”, citou o governador, lembrando a campanha pelas Diretas Já.

O velório de Dante é marcado por muita emoção de familiares e amigo. A viúva, deputada Thelma de Oliveira, está o tempo todo ao lado do caixão, onde recebe as condolências. A mãe de Dante, dona Maria Benedita, ficou a maior parte da manhã no velório, sempre amparada por familiares. Lideranças e amigos dos quatro cantos do Estado foram a Cuiabá para o último adeus a Dante.
O vice-presidente da República, José Alencar, representou o presidente Lula nos funerais do ex-governador.

O sepultamento de Dante foi às 17;50hs no Cemitério da Piedade, ao lado do pais, Sebastião de Oliveira, – o doutor Paraná- falecido em 2004. Antes do caixão ser colocado no jazigo, a viúva Thelma e a mãe de Dante fizeram uma despedida emocionada. Das mais importantes lideranças políticos ao mais simples cidadão, muitos aplausos quando o caixão chegou no cemitério e, com a bandeira de Mato Grosso, foi sepultado

(Atualizada às 21:51hs – foto: Dante e Nilson Leitão na convenção do PSDB em 30 de maio)