Foi na cara limpa, dura, sem tremer. O deputado Maksuês Leite, do Partido Progressista, tentou justificar o acordo político do seu partido com os democratas com duas colocações que remete unicamente para um caminho: a descredibilidade da classe política. Primeiro afirmou, entre outras coisas, que sua pré-candidatura a prefeito de Várzea Grande, agora “sacada” pelo acordo político, era uma “vaidade pessoal”. Depois, saiu com outra: posando-se de estadista, disse que renunciava a primeira colocação nas pesquisas em favor de Júlio Campos “para o bem do Estado”.
“Na política tem que ter bom senso e prudência. Tudo tem sua hora” – filosofou o político, invadindo uma seara da qual nunca foi acostumado a circular, pelo jeito sempre afoito que o notabilizou pelos ataques frontais aos adversários. Principalmente ao político a quem cede seu contingente eleitoral. Segundo Maksuês, cuja renúncia não chegou a ser uma surpresa, mas que pasmou a comunidade eleitoral de Várzea Grande pela forma como cedeu aos encantos do acordo, da aliança DEM-PP sairá o governador e o senador em 2010. E ele não queria atrapalhar essa articulação.
Desenvernizado, Maksuês ainda se deu ao trabalho de fazer elogios a quem há poucos dias chamou de velho e ultrapassado e contra quem dizia ter um dossiê de denúncias para apresentar aos eleitores da cidade. Ao justificar sua renúncia, disse que Várzea Grande “vai ganhar um político experiente” no comando da Prefeitura da cidade. Triste verdade: chegou ao ponto de dizer que seria um erro de sua parte não apoiar Júlio Campos neste momento.
O discurso pró-Júlio está afinado. “Estou à disposição do partido” – disse Mara Rúbia, esposa de Maksuês Leite, indicada no acordo compensatório como candidata a vice. Segundo ela, sua indicação significa “unir a experiência de Júlio com a inovação de Maksuês”. Em que pese, Leite não ter até aqui inovado em absolutamente nada; nem no jeito de se fazer política, apesar dos seus 32 anos. Além da vice, nos bastidores se fala que o deputado vai indicar três secretários para Júlio Campos. Ele quer ainda a eleição do seu assessor Cláudio Moraes.
Mas Maksuês explicou mais. Ele informou que o acordo PP-DEM ou DEM-PP como queiram envolve pelo menos 52 cidades do Estado – o que indica que os dois partidos vinham há tempos conversando e procurando o melhor desfecho. Está incluído nisso também Cuiabá. O projeto dos “caciques partidários” remete para o recuo da pré-candidatura de Iraci França, se colocando como vice do ainda deputado Walter Rabello. Essa base política deverá dar sustentação em 2010 para a candidatura de Jaime Campos ao Governo do Estado. O candidato ao Senado será do PP, provavelmente o deputado José Riva – que nunca escondeu o desejo de deixar a Assembléia Legislativa.
O presidente do DEM, Oscar Ribeiro, conhecido pela forma mansa de falar, mas rápido no agir, justificou o acordo. Segundo ele, em Mato Grosso existem 26 partidos político, mas nenhum ganharia sozinho uma eleição. “A aliança é a nível estadual” – disse, ao contabilizar o entendimento em 52 cidades do Estado. O suplente Chico Daltro, secretário de Ciência e Tecnologia, garantiu que a aliança “foi feita com transparência” e “à luz do dia”. E, creia, arrematou: “Foi para o bem de todos”.
Explicações à parte, o acordo político que “sacou” Maksuês Leite é denunciado como sendo “espúrio” por líderes oposicionistas. O pré-candidato a prefeito pelo PCdoB, professor Edson Ribeiro, é um dos que atacaram o entendimento. “A historia política de Mato Grosso já demonstrou que esses acórdãos espúrios, feitos nas cúpulas e na calada da noite, costumam ter o repúdio da população” – ele observou, ao anunciar que já está tentando aglutinar as forças políticas da cidade para ser a antítese da atual situação.