Lideranças políticas da região Norte, deputados estaduais, federal, prefeitos e empresários do setor madeireiro participaram, hoje de manhã, na câmara, de uma mobilização com objetivo de debater as principais dificuldades enfrentadas pelo setor ambiental, devido aos reflexos provocados por recentes operações, que terminaram com a prisão de madeireiros e o fechamento de empresas na região. A falta de estrutura da Sema (Secretaria do Estado de Meio Ambiente) para dar suporte às indústrias, que não conseguem a liberação de planos de manejo para retirar matéria-prima também esteve na pauta das discussões e foi um dos pontos mais criticados.
A cobrança é para que o órgão agilize os processos pendentes. O deputado estadual, que poderá presidir a CPI da Sema, José Riva, defendeu a importância da secretaria não atuar apenas como um ‘entrave’ ao setor produtivo. “Além da questão ambiental a Sema se preocupe com o social e econômico do Estado. Nos preocupa quando há um desequilíbrio entre estas três partes”, defendeu. Ele declarou que a criação da CPI é com objetivo de buscar melhorias para o setor. “A comissão terá uma missão muito árdua, para fazer a Sema andar, pois, além de ser uma comissão de inquérito, ela é propositiva, e a Assembléia tem a obrigação de fechar esta CPI com uma proposição ao governo – melhorar especialmente o atendimento”, argumentou.
Riva também criticou a forma como foi deflagrada a Operação Guilhotina, este mês, responsável pela prisão de madeireiros, engenheiros florestais, servidores da Sema e empresários acusados de crimes ambientais, fraudes em planos de manejo florestal, venda de documentos florestais e formação de quadrilha. “O setor madeireiro é o único que tem a preocupação de ter a floresta, caso contrário não sobrevive. Deveriam ter notificado as pessoas que estavam com irregularidades, convidado a regularizar e se houvesse resistência tomar uma posição mais dura. Aceito operação vinda do Ministério Público, do Ministério Público Federal, Polícia Federal, mas de iniciativa do governo não”, disse.
Madeireiros que participaram da reunião apontaram os principais problemas que estão enfrentando. Para Maurício Guadagnin, cuja família atua no setor há mais de 40 anos, esta “é a pior fase. As dificuldades são os órgãos ambientais que atrapalham quem quer trabalhar. Chegam, vão prendendo e não explicam porque estão sendo levados, como aconteceu na semana passada. Queremos que olhem com outros olhos para o setor, pois no Nortão não há bandido, somente trabalhador, que explora a mata de maneira legal. Só retiramos aquilo que está pronto para ser comercializado. Hoje não dá mais para confiar nem mesmo em órgãos do Estado”, defendeu Guadagnin.
A opinião também é compartilhada pelo empresário José Leodenir Bergamo. Sua empresa foi uma das lacradas pela Sema, acusada ter comprado madeira de procedência irregular. Os 18 funcionários que emprega receberam há poucos dias aviso e podem ser despedidos caso não seja possível retornar às atividades. “Estamos com muita dificuldade. Tenho madeireira há mais de 17 anos e nos últimos está travando. Estamos proibidos de exercer nossa atividade, por uma injustiça cometida. Disseram que o projeto está ilegal, mas não temos a certeza. A mercadoria veio com nota fiscal, Guia Florestal entre outras documentações”, disse, ao Só Notícias.
Para o presidente do Sindusmad, Jaldes Langer, “o problema do setor vem de longa data e é bastante complexo. Acredito que as coisas não terão solução a curto prazo, como precisamos. Finalmente o governo e a Assembléia tomaram pé da situação. Nós empresários, pelo tanto que nos queixamos aos deputados, tomaram a frente de uma CPI que acreditamos que seja um caminho de solução e não de retrocesso. A reunião só terá resultado se for prático. Não pode ser um evento para comunicar a situação”, argumentou.
Participaram do encontro também o deputado federal Eliene Lima, o vice-presidente da Assembléia, Dilceu Dal Bosco, o vice-líder do governo, Juarez Costa, o prefeito de Feliz Natal, Manuel Messias Sales, de Tabaporã, Rogério Riva, a presidente da câmara de Sinop, Sineia Abreu, vereadores de Sinop, Feliz Natal, Vera, secretários municipais e dirigentes de sindicatos do setor produtivo.
O setor madeireiro é a base da economia dos principais municípios da região Norte e responsável por uma parcela expressiva na geração de empregos.
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