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Lula insinua para o PT que pode ‘ir para casa’ se não houver acordos com PMDB

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Em encontro reservado com lideranças do PT, Lula fez um apelo ao partido. Pediu que a legenda abra espaço para o PMDB na disputa pelos governos estaduais. Disse que o entendimento é vital para assegurar a “governabilidade” de seu segundo mandato. E apelou para o exagero retórico ao insinuar que, se não houver “gestos concretos” do PT, pode “ir para casa”.

O encontro ocorreu há cerca de 15 dias. Deu-se na casa do presidente do PT, Ricardo Berzoini. Lula falou durante meia hora para uma platéia de cerca de 20 petistas. Fez uma avaliação do processo eleitoral. Qualificou de “confortável” a sua posição nas pesquisas. Repetiu que, doutrinariamente, continua sendo contra a reeleição. “Só serei candidato a um segundo mandato se for para fazer melhor do que o primeiro.” Cabe ao PT, disse ele, propiciar as condições políticas para que a nova gestão seja superior à atual.

Lula disse que julga ter feito um “bom governo”. Tratou a crise do mensalão como problema do partido. Diante de todo o abalo sofrido pelo PT, disse ele, o meu governo “sobreviveu”. Declarou-se “disposto” a disputar a reeleição. Mas disse que é preciso resolver o que chamou de “problema do PMDB”. Do contrário, argumentou, não valeria a pena concorrer. “Sou presidente. Estou bem. Vou para casa com índices de aprovação que considero confortáveis”.

O presidente queixou-se da intransigência do PT em compor com o PMDB em Estados nos quais não tem a menor chance de vencer a disputa de governador. Mencionou explicitamente Paraná e Santa Catarina, locais em que, na sua opinião, o entendimento com Roberto Requião e Luiz Henrique, peemedebistas que concorrem à reeleição, já deveria ter sido costurado.

“Todo mundo no PT diz que o PMDB é importante. Mas ninguém move uma palha para remover os obstáculos ao entendimento”, queixou-se. Para Lula, a relevância do PMDB não se restringe à montagem de palanques nos Estados. Acha que o partido será “essencial” para assegurar a maioria parlamentar durante o seu eventual segundo mandato.

Depois de discursar, Lula retirou-se da reunião. Berzoini assumiu o controle. Fez-se uma avaliação detalhada da situação do PT nos Estados. Concluiu-se, conforme já noticiado aqui, que o partido vive um dilema: é favorito na disputa presidencial e flerta com a derrota na grossa maioria dos embates para governador.

Avaliou-se que, dos 27 Estados, o PT só teria chances reais de êxito em três: Piauí, Sergipe e Acre. Em outros dois, São Paulo e Rio Grande do Sul, embora a situação seja de desvantagem, haveria capacidade de reação. Entre os presentes, estavam, além de Berzoini, o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência); o assessor especial do Planalto para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia; e o governador do Acre, Jorge Viana. Participou também João Santana, cotado para ser o marqueteiro da campanha de Lula.

Antes do encontro com Lula, o PT só havia encaminhado acordos com o PMDB em cinco unidades da federação: Bahia, Pará, Roraima, Tocantins e Amazonas. Depois do apelo de Lula, costurou-se um entendimento também em Goiás. Mas não houve, por ora, avanços nos dois Estados mencionados pelo presidente: Paraná e Santa Catarina.

A despeito da retórica de que ainda não decidiu se será candidato, sustentada até entre quatro paredes, Lula envolveu-se diretamente na articulação para atrair o PMDB. Nesta quarta-feira, o “não-candidato” usou as instalações do Planalto para tentar seduzir o peemedebista Orestes Quércia, com quem espera fechar pelo menos um acordo em São Paulo. O presidente trabalha com a perspectiva de que as principais pendências regionais com o PMDB estajam sanadas até meados de junho, quando planeja anunciar formalmente sua candidatura. Que já decidida, obviamente.

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