O protesto da ONG Greenpeace ontem, no município de Claudia (90 km de Sinop) revoltou autoridades locais. Na sessão da Câmara Municipal, os vereadores criticaram o movimento feito pelo Greenpeace. Os ambientalistas colocaram uma enorme faixa preta com a palavra “Crime” em uma área degradada protestando contra a derrubada de Castanheiras. Uma árvore serviu como letra I para formar a palavra “crime” completada com faixas pretas.
O presidente da Câmara, Judas Tadeu, informou ao Só Notícias, que não foi elaborada uma moção de repúdio, mas os vereadores se declararam contrários à forma como os ambientalistas atuaram no município. “Eles entraram em área particular, sem contactar com nenhuma autoridade do município. Quando fomos falar com o grupo, eles não se identificaram. Tivemos então que buscar auxílio policial”, explicou.
Como Só Notícias já informou, os ambientalistas foram encaminhados para a delegacia de Cláudia e foram liberados algumas horas depois. “Não somos contra o trabalho deles, mas sim contra o sistema utilizado por eles”, afirmou o presidente.
Tadeu frisou que acredita que a atuação do Greenpeace vai prejudicar a imagem não só do município, mas de toda a região. O Greenpeace expôs a destruição das últimas áreas de castanhais nativos do Mato Grosso, na margem leste da rodovia BR-163.
Protesto
O Greenpeace expôs ontem a destruição das últimas áreas de castanhais nativos do Mato Grosso, no município de Claudia ( 90 km de Sinop). Ativistas colocaram uma grande faixa com a palavra “Crime” em uma área desmatada para agricultura, ao lado de uma castanheira recentemente derrubada. O Greenpeace está em expedição pela BR-163 para documentar os impactos socioambientais provocados pela rodovia – cujo asfaltamento total é prioridade do governo Lula. Todos os ativistas do Greenpeace e jornalistas que acompanham a expedição foram levados ao quartel da Polícia Militar do município de Cláudia para prestar esclarecimentos e liberados na sequência, informa a assessoria da ONG.
A castanheira (Bertholletia excelsa) é uma espécie nativa da Amazônia que se tornou um símbolo mundial da região. Seu fruto – conhecido como “castanha do Brasil” ou “castanha do Pará” – é rico em gorduras e proteínas: duas amêndoas têm a mesma quantidade de proteína de um ovo de galinha. Fundamental para a alimentação das populações tradicionais amazônicas e de várias espécies de animais, a castanha é um aperitivo mundialmente apreciado. Além de ser usada como ingrediente em várias receitas de alimentos, a castanha produz um óleo de alta qualidade, com larga aplicação na indústria farmacêutica e cosmética. Embora sua extração e derrubada estejam proibidos por decreto federal desde 1994, a espécie está ameaçada de extinção.
“Apesar de sua importância e do potencial de mercado, nacional e internacionalmente, a castanheira está sendo estupidamente destruída pelo avanço do gado e da soja na Amazônia”, diz Nilo d’Ávila, coordenador da campanha do Greenpeace pela proteção da região da BR-163. “O governo do Mato Grosso deve agir rápido se quiser proteger os poucos castanhais remanescentes no estado. A criação imediata do Parque Estadual das Castanheiras é essencial para a conservação da espécie e de uma região de floresta de imensa importância ecológica para inúmeras espécies de fauna e flora”.