O PSDB designou um grupo de assessores para analisar minuciosamente os contratos firmados entre a empresa Delta Construções com o Departamento Nacional de Infraestrura Terrestre (Dnit). Esse "pente-fino" inclui os serviços ganhos pela empresa na época em que o diretor-geral do órgão era Luiz Antonio Pagot.
À Agência Brasil, Pagot disse hoje (8) que "está a disposição da CPMI do Cachoeira para prestar qualquer tipo de esclarecimento". O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), foi quem designou esse grupo de assessores que analisam as auditorias feitas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em obras do Dnit que envolviam a Delta Construções.
A empresa é apontada pela Polícia Federal como um dos braços do esquema de corrupção que levou à prisão o empresário goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O esquema também envolveria parlamentares, entre eles o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que hoje enfrenta um processo de cassação de mandato movido pelo Conselho de Ética do Senado.
"Pedi ao TCU todos os contratos que envolvam a Delta, inclusive os relacionados às obras no Rio de Janeiro. Já os contratos do Dnit envolvem várias gestões e não só a do Pagot", destacou Álvaro Dias.
De posse desse material, o parlamentar acredita que os requerimentos de convocação apresentados pela oposição na CPMI terão mais embasamento e dificultarão qualquer movimento com o objetivo de preservar pessoas, inclusive o empresário Fernando Cavendish, presidente afastado da Delta.
O senador tucano informou, ainda, que pretende na segunda-feira (11) reunir os técnicos para avaliar em que pé está a análise dos contratos recebidos do TCU. "O pessoal está trabalhando e o importante é verificar os aditivos feitos aos contratos. A estratégia da Delta era bem clara. Apresentar um preço bem baixo nas licitações e apresentar, depois, uma série de aditivos aos contratos reajustando os preços".
O presidente do Democratas (DEM), José Agripino Maia (RN), disse que o seu partido não participa dessas análises. Ele considera mais importante, agora, o ordenamento dos trabalhos pelos deputados e senadores que atuam na CPMI.
A avaliação de José Agripino é que de nada adiantaria para a comissão o depoimento de Pagot sem que antes os parlamentares tenham os contratos estabelecidos pela Delta pormenorizados. "Se Pagot vier à CPMI sem que os parlamentares tenham avaliado os contratos e as quebras de sigilos [da Delta], ele vai falar o que quiser sem qualquer possibilidade de contraponto".