O primeiro vice-líder da bancada do PSDB na Câmara dos Deputados, deputado federal Nilson Leitão (PSDB), explica que o movimento que se organiza para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no próximo dia 15, sequer chegou à instância partidária. Ele rebate as especulações populares de que a manifestação seria um golpe arquitetado por seu partido em virtude da derrota do candidato tucano, Aécio Neves, no segundo turno da disputa presidencial.
“Primeiro que golpe é aquilo que não está previsto na Constituição Federal e o impeachment consta na nossa legislação”, destacou. Leitão ainda lembra que o mesmo argumento que vem sendo ventilado não serviu para o PT da presidente quando o partido participou da derrubada do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB). “São dissimulados”, frisou.
Segundo o deputado, a sociedade como um todo vem se organizando por não aguentar mais a situação em que se apresenta o governo federal. Ele lembra que, recentemente, na Espanha, o governo foi obrigado a voltar atrás na decisão que aumentou em cerca de R$ 0,03 o valor do combustível após ver a mobilização social.
Para ele, o simples fato da presidente ter mentido em sua campanha eleitoral, quando disse que não mexeria nos direitos trabalhistas, que não aumentaria o preço do combustível, ao promover o tarifaço na energia elétrica, seria o suficiente para pedir sua destituição. “Se um pai de família, com filhos doentes, necessitado, é flagrado roubando um botijão de gás, ele vai preso, não importa se no dia seguinte às eleições ou um mês depois. Com a presidente não pode ser diferente. Se ela é flagrada mentindo, isso é muito sério, afinal de contas, que exemplo vamos deixar para os nossos filhos?”.
Apesar de defender que os partidos de oposição têm obrigação de engrossar o coro no pedido de impeachment de Dilma, Leitão destaca que a discussão não entrou na agenda partidária, pelo contrário. Conforme o parlamentar, há ainda alguns colegas que defendem que a medida não é adequada e os deputados, independentemente de siglas, estão agindo de forma independente nesse momento.
No entanto, o tucano ressalta que todos concordam que o Brasil não vai bem. “A única situação para colocar o país no rumo é tirar a presidente. A situação moral e ética dela é insustentável”, defendeu.
Além do escândalo da Petrobrás, Leitão cita como exemplos o falta de pagamento de repasses federais, inclusive nos programas sociais, o descontrole no Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e o não cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).