Uma análise do laudo realizado pela Polícia Federal, no celular do deputado estadual Gilmar Fabris, aponta divergências entre o que ele declarou em depoimento, no dia de sua prisão, no dia 15 de setembro, no âmbito da operação Malebolge (12ª ase da Ararath), e o histórico de chamadas registrado no aparelho, que foi entregue espontaneamente pelo parlamentar aos agentes federais e posteriormente encaminhado para o setor récnico científico da PF, que produziu o estudo.
O histórico de chamadas abrange o período de 1º de setembro a 15 de setembro, sendo que o documento destaca os dias 14 e 15, em que houve a operação Malebolge. Segundo o documento, inicialmente, Fabris declarou ao delegado Wilson Rodrigues, que no dia 14 de setembro, saiu com sua esposa em direção à residência do casal Lucimar e Jayme Campos, em Várzea Grande. Porém, após ligar para ele e ser atendido pelo guarda, que informou que Jayme estava dormindo, decidiu se deslocar até a casa do vereador Maninho de Barros. O parlamentar contou ainda que tentou ligar várias vezes para o telefone do vereador, que estava desligado. Em seguida, disse que ligou para o celular da esposa de Maninho, mas também não foi atendido.
Ao comparar as declarações de Fabris com os registros extraídos de seu aparelho celular, a polícia concluiu que “é possível observar que alguns dados não coincidem”. Primeiramente, ela destaca que não há registro de ligação de Gilmar Fabris para Jayme Campos no dia 14 de setembro.
Segundo os registros telefônicos, o deputado fez duas ligações para a linha, salva em sua agenda, como de Jayme Campos, mas apenas no dia seguinte. A respeito da ligação para o vereador Maninho, o primeiro registro disso no dia 14 ocorreu apenas às 08h13m48s, cinco minutos antes de Fabris chegar a um estabelecimento comercial, e que possivelmente a chamada não foi completada, pois o tempo de duração é de 0 segundos.
Ainda conforme o registro de chamadas, Gilmar Fabris entrou em contato com outros dois números no início daquela manhã, identificados como "Deputado Botelho" e "Dep. Mauro Savi", seus colegas de Assembleia Legislativa.
A Polícia Federal também constatou outras chamadas no registro do celular de Fabris, no dia 14 de setembro, quando ele teria fugido da operação da Polícia Federal de seu apartamento, a primeira ligação efetuada ocorreu às 6h11 para a linha telefônica de sua consultora legislativa. Naquela manhã, o deputado também fez várias tentativas de contato com o advogado Ricardo Spinelli, mas sem sucesso. Apenas às 9h11, Spinelli retornou a ligação, mantendo uma conversa rápida. Em seguida, Spinelli foi em direção à lanchonete onde Gilmar Fabris já estava com seus familiares. A última ligação entre o deputado e o advogado ocorreu às 9h43. Dois minutos depois, o advogado chegou ao estabelecimento.
Também houve ligações registradas no histórico que foram omitidas pelo deputado em seu depoimento. O extrato telefônico mostra que antes de ligar para seu advogado, Fabris ligou para um empresário, que foi quem lhe passou o contato de Ricardo Spinelli. Após fazer várias tentativas sem sucesso de contato com o advogado, o parlamentar ligou novamente para essa pessoa, e este telefonou para spinelli, explicando que o deputado precisava de seus serviços. Depois disso, é que Ricardo retornou a ligação de Fabris, uma vez que não conhecia seu telefone pois nunca havia trabalhado para ele antes.
“Cumpre informar que Gilmar Donizete Fabris não mencionou, em nenhum momento de seu termo de declarações, a existência deste evento – tanto o contato com o advogado Ricardo Spinelli quanto sua presença requisitada no estabelecimento”, destaca a análise da Polícia Federal.
Por fim, nas considerações finais do laudo, a PF aponta que “os registros de chamadas extraídos e analisados não condizem com os fatos declarados por Gilmar fabris em seu termo de declarações – as ligações que ele menciona ter efetuado não constam no extrato. Em verdade, ele ligou para pessoas diversas das mencionadas em seu termo”, diz trecho do documento.