Às vésperas das eleições municipais, parte dos jovens se mostram indecisos quanto à escolha dos candidatos. Além da dúvida sobre o pensamento e as ações dos políticos, o eleitorado jovem parece pouco interessado naqueles que pretendem sair vencedores neste domingo.
De acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT), o número de eleitores na faixa de 16 a 20 anos, nos 3 maiores colégios eleitorais de Mato Grosso, reduziu em 2016 comparando-se ao pleito anterior de 2012.
Em Cuiabá, a juventude somava 30.423 eleitores e neste ano reúne 24.356, o que representa uma queda de 19,94%.
No município de Várzea Grande, a redução vai a 16.84%. Em Rondonópolis, são 9,59% a menos de jovens aptos a votar.
Aos 18 anos, a vendedora de Cuiabá Andreza Christina Bastos da Silva, vai votar pela primeira vez e admite estar desanimada com as propostas dos candidatos a vereador e a prefeito da capital. Ela atribui o desinteresse à falta de projetos e iniciativas voltadas focadas no jovem.
á as estudantes Milene Micheli de Oliveira Correa e Ana Paula Weber, as duas com 16 anos, mesmo não sendo obrigadas decidiram exercer o direito à cidadania e vão votar pela primeira vez este ano.
Mas também reclamam que existem poucos projetos apresentados pelos candidatos para a “galera”. Elas esperam mais ações e melhorias como oferecimentos de cursos e programas sociais para os jovens.
Feliphe Ribeiro de Bastos, 17 anos, ainda analisa as propostas de cada candidato. Ele gostaria que os políticos criassem oportunidades para a juventude e também deseja que os jovens sejam ouvidos, durante e depois de eleições.
Para o cientista político João Edisom de Souza, os dados e relatos refletem a realidade da juventude no Brasil. Segundo ele, os jovens de hoje pensam e agem de maneira diferente da juventude dos anos 80 e 90.
Além disso, explica que a política no país envelheceu e o modelo usado ainda hoje não atrai o público jovem. “Programas de governo apresentados têm algumas características antigas, expondo conceitos machistas e discriminatórios.
Na opinião do jornalista e articulista político, Onofre Ribeiro, a falta de lideranças jovens tem origem no fim dos grêmios estudantis e dos diretórios acadêmicos nas universidades. “Eram ali que os jovens despertavam interesse pela política”, destaca.
Onofre lamenta a despolitização da juventude, por comprometer a democracia e o futuro do Brasil e, lamentavelmente, acredita que esta realidade continue nos próximos anos.