O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que teve seu mandato cassado no último dia 14, disse que vai retirar o pedido de cassação contra o deputado federal José Dirceu (PT-SP) para evitar um acordão entre PSDB, PFL e PT. “Há um acordo. O PSDB livra o Eduardo Azeredo, presidente da legenda, que recebeu R$ 12 milhões neste esquema de caixa 2 do Marcos Valério, e o PFL livra o Roberto Brant, ex-ministro do seu partido. As cabeças são a minha e a do José Dirceu. Eles entendem que, com duas cabeças premiadas, o Brasil vai ficar satisfeito. Eu não gosto do José Dirceu, mas não serei massa de manobra nesse acordão. Vou retirar a representação e, se o PSDB quer realmente cassar o José Dirceu, que faça ele a representação”, disse em entrevista ao Canal Livre, da TV Bandeirantes.
Segundo Jefferson, uma outra parte do acordo entre os partidos seria impedir uma possível investigação nos fundos de pensão. “O PSDB manipulou os fundos de pensão na época das privatizações. É a ameaça constante que o PT faz ao PSDB. Se trouxermos para cá e abrirmos o intestino dos fundos de pensão, nós vamos também recuar para atingir o PSDB no passado.”
O ex-deputado do PTB afirmou que o processo no qual teve o mandato cassado foi ilegal. “Eu fui cerceado na minha defesa. O processo foi feito de afogadilho. A denúncia contra mim era uma. Foi modificada sem abrir prazo para que eu pudesse fazer a defesa.” Segundo Jefferson, foi com base na ilegalidade da sua cassação que os deputados do PT, acusados de envolvimento no “mensalão”, conseguiram uma liminar no Supremo Tribunal Federal, suspendendo a tramitação do processo que seria aberto contra eles no Conselho de Ética da Câmara. “Eu não critico o Supremo. Eles (deputados) têm direito a uma ampla defesa”, ressaltou.
Jefferson afirmou que nunca irá dizer para quem distribuiu os R$ 4 milhões recebidos do PT. “O PT não revelou a origem do dinheiro, então o dinheiro é ilegal. Eu distribuí o dinheiro na expectativa de legalizá-lo com pessoas inocentes. Não vou prejudicar os inocentes que receberam. Eu já estou pagando o preço disso. Eu expio a culpa. Eu não me eximo do erro que pratiquei. Eu devo isso à sociedade. Eu podia ter devolvido o dinheiro ao PT, mas não devolvi; distribuí nas campanhas do PTB.”
Na opinião de Jefferson, o candidato ideal para ocupar a presidência nacional do PT é o deputado estadual gaúcho Raul Pont, que disputa as eleições pela tendência Democracia Socialista. “Se desse o Raul Pont na presidência o PT, em seis meses o partido se consolidaria. Ele é a ideologia do partido, a pedra fundamental. Ele faria uma limpeza no PT, porque é um homem firme, sério e correto.”