Após o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Eduardo Botelho (DEM), decidir ontem pelo arquivamento do pedido de afastamento do governador Pedro Taques (PSDB) feito pela deputada Janaína Riva (MDB) com base em delações premiadas que acusam o gestor estadual de participação supostos esquemas de corrupção, a parlamentar lamentou a atitude monocrática e criticou o fato de a decisão não ter sido tomada pelo plenário do Legislativo estadual.
“Eu acho que a Assembleia perde a oportunidade, sempre que a tem, de ser protagonista da sua história. Votar um pedido de afastamento do governador por graves indícios de crime é o papel do parlamento. Penso que se o deputado não serve para fiscalizar e para avaliar se um governo pode ou não continuar, para que servem os deputados? A principal função nossa é a fiscalização do Poder Executivo. Agora o desfecho desses supostos crimes segue com a Justiça e a Assembleia perde o papel de protagonista que eu acho que era o que a população estava esperando”, criticou.
Janaína disse que a decisão de Botelho foi tomada por motivações políticas e o afastamento de Taques nos últimos dias de mandato teria um efeito mais simbólico do que prático.
“É claro que um pedido de afastamento cabe a ele duas análises. Vossa excelência optou pela análise política e eu sempre soube que isso é uma prerrogativa da presidência. A questão é que para mim, e acredito que para a maioria dos mato-grossenses, é que pouco importa se faltam dois, se faltam 30 ou se faltam 300 dias para o governador encerrar o mandato. A questão é a simbologia que envolve um pedido de afastamento de um governador em exercício do seu mandato, ser delatado, e não só uma vez”, completou.
Botelho admitiu que a decisão foi totalmente política, mas negou que tenha intenção de barrar a investigação, que, segundo ele, deve continuar com o Ministério Público. Também negou que estivesse com receio de assumir o governo neste momento, que ele não considera apropriado.
“A procuradoria jurídica analisou que existia fundamentos legais [no pedido de afastamento], mas que a decisão era política. Então nós optamos pelo bom senso. Nós estamos a poucos dias de um novo governador assumir e nós teríamos uma situação com três governadores: um em exercício, um afastado e um eleito. Isso geraria problemas na transição. Então nós optamos por arquivar”, justificou.