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Grupo de ativistas internacionais vem ao Brasil para confrontar projeto da ferrovia Sinop-Miritituba

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Só Notícias/Herbert de Souza (foto: reprodução)

Um grupo de ativistas internacionais virá ao Brasil, em agosto, com o objetivo de pressionar contra a construção da Ferrogrão, ferrovia que pretende ligar Sinop ao porto de Miritituba, no Pará. A delegação é ligada à Internacional Progressista, que reúne políticos, ativistas e celebridades de diversos países e que foi criada em 2020 pelo senador norte-americano Bernie Sanders e pelo ex-ministro grego Yanis Varoufakis.

Em entrevista para a Folha de São Paulo, o economista americano David Adler, que é coordenador-geral da organização, adiantou que a comitiva contra a Ferrogrão será composta por parlamentares espanhóis e alemães, além de lideranças indígenas norte-americanas, ativistas ambientais, lideranças de países sul-americanos e sindicalistas. “Vamos com uma ambição clara: queremos derrotar esse projeto. Se houver atenção e escrutínio internacionais, podemos enterrar a Ferrogrão”, resumiu Adler.

Segundo ele, a ferrovia irá desalojar comunidades e gerar enorme destruição ambiental. O coordenador da Internacional Progressista ainda diz que a Ferrogrão atende a interesses do agronegócio que não estão baseados no Brasil.

De acordo com a Folha de São Paulo, a visita foi um convite da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organização que é contra a Ferrogrão. A comitiva deverá chegar no dia 15 de agosto e ficar no Brasil por seis dias, onde deverá fazer reuniões em Brasília (DF), Santarém (PA) e Belém (PA). A previsão é de que o grupo se encontre com lideranças indígenas e ambientais, além de representantes do Poder Judiciário, Ministério Público, partidos de esquerda e órgãos de controle.

Na semana passada, conforme Só Notícias já informou, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, rebateu e criticou ativistas ambientais, que vêm pressionando bancos para que barrem crédito à Ferrogrão, corredor ferroviário de exportação do Brasil pelo Arco Norte, com 933 quilômetros. A justificativa do grupo, que enviará uma carta às instituições financeiras, é que a obra poderá desmatar uma área que equivale a da cidade de São Paulo.

“A gente passa por coisas curiosas no Brasil. Acho que é o único país do mundo que a gente tem que mostrar que uma ferrovia é sustentável. De repente você tem ambientalista mandando carta para bancos dizendo: ‘não financiem a Ferrogrão, porque a gente acha que a duplicação da BR-163 é melhor’. São coisas incompreensíveis, mas para quem está na infraestrutura há muito tempo, a gente apreende a ser resiliente e enfrentar essas coisas”, rebateu Freitas.

O governo pretende leiloar a Ferrogrão ainda em 2021. No entanto, os processos para implantação da ferrovia seguem paralisados por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em março deste ano, ele concedeu liminar a pedido do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), suspendendo dispositivos da Lei nº 13.452/2017, oriunda da Medida Provisória (MP) nº 758/2016, que alterou os limites do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, para passagem da ferrovia.

Moraes entendeu que a alteração de limites causaria danos ambientais e deve ser feita via projeto de lei e não por MP, de acordo com a tese defendida pelo partido. A decisão ainda será analisada pelo plenário do STF, com o voto dos demais ministros.

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