Parte do dinheiro desviado por meio de fraudes a convênios celebrados pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas) foi utilizado para o pagamento de dívidas de campanha do então candidato a prefeito de Cuiabá, Lúdio Cabral (PT), em 2012. É o que aponta a investigação do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado, que nesta quinta-feira (20) prendeu quatro pessoas, entre elas a ex-secretária e ex-primeira-dama, Roseli Barbosa, apontada como mentora do esquema.
De acordo com as investigações, em um dos casos apontados na ação, o chefe de gabinete do então governador Silval Barbosa (PMDB), marido de Roseli, Silvio Cezar Correa Araújo, quitou uma dívida de R$ 418 mil com um empresário que participou do esquema e se tornou delator premiado, por meio de retenção de propina. O caso teria ocorrido em 2012, durante as eleições municipais.
A informação foi prestada pelo empresário Paulo Cesar Lemes, delator do esquema. Segundo ele, um cheque de R$ 40 mil foi repassado a Eldo Leite Gattas Orro, réu no processo, como pagamento do empréstimo. O valor teria sido dado para Sílvio, que teria comprado o apoio de candidatos a vereador ao petista.
Para o pagamento da dívida, Silvio teria articulado com Roseli e obtido dela autorização para que ela não ficasse com uma parcela dos 40% cobrados dos contratos firmados pela Setas. O montante que deixou de ser pago para Roseli ficou com o empresário, que considerou quitada a dívida entre ele e o chefe de gabinete de Silval.
A reportagem tentou contato com Lúdio, mas ele não atendeu as ligações e nem retornou as mensagens enviadas.