sexta-feira, 17/maio/2024
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Flexibilidade cambial pode trazer alívio ao agro, diz Blairo Maggi

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As medidas avaliadas pelo governo para conter a depreciação do dólar frente ao real podem trazer algum alívio aos exportadores, mas é preciso uma ação mais efetiva por parte da área econômica. A afirmação é do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi. “É como você ter uma caixa d´água. Depois que você reter uma determinada quantidade tudo o que você colocar ali dentro vai voltar para o mercado”, afirmou ele em entrevista à Agência Estado.

Além de ser o maior produtor de soja do País, Maggi governa um dos principais Estados agrícolas brasileiros. Foi no Centro-Oeste que teve início em 21 de abril uma série de manifestações de agricultores, protestos que se espalharam para todo o Brasil. O objetivo é chamar a atenção do governo e da sociedade para a crise do agronegócio. Só os produtores perderam R$ 30 bilhões nos últimos dois anos, mostram cálculos do Ministério da Agricultura.

Um dos motivos da crise é o câmbio. Na última sexta-feira, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou que o governo anunciará nas próximas semanas medidas de flexibilidade cambial. A primeira em estudo, segundo Mantega, é baseada numa proposta da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que tramita no Congresso Nacional e permitirá ao exportador que importa reter no exterior os recursos das operações de comércio exterior. Além disso, está em estudo a ampliação do prazo para os exportadores manterem os recursos de exportação no exterior – atualmente em 210 dias.

Uma outra possibilidade é a postergação dos contratos de câmbio. Para Maggi, o que “poderia ajudar muito” e ser uma medida definitiva seria a redução efetiva da taxa de juros no Brasil. “Eu sei que isso é mais complicado, mas a redução diminuiria a atração de dólares para o País”, afirmou. Na verdade, o sonho dourado dos agricultores é um dólar específico para exportação de produtos agrícolas, mas a criação de um “dólar verde” não está na pauta de negociações com a área econômica do governo. “Não sei de nada disso. Acho que é invenção”, comentou uma fonte do Ministério da Agricultura.

Esforços
Neste momento, os esforços do ministro Roberto Rodrigues e dos técnicos da Secretaria de Política Agrícola estão focados em dois pontos: o pacote de medidas estruturais que reduzirão os custos de produção da atividade agrícola e o Plano Agrícola e Pecuário 2006/07, ações que serão divulgadas na quinta-feira, em Brasília. Na última semana, Maggi conversou duas vezes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na primeira vez, Maggi e outros governadores foram recebidos pelo presidente no Palácio do Planalto para tratar da crise do agronegócio.

O segundo contato foi por telefone. Na última quinta, segundo Maggi, o presidente Lula ligou para ele para falar sobre um novo tipo de combustível desenvolvido pela Petrobrás, o H-Bio, que usa óleos vegetais no refino do diesel. Nessa última conversa, o presidente Lula disse ao governador que “as coisas estavam andando” numa referência a uma lista de pedidos dos agricultores entregue pelos governadores. Entre as reivindicações está a suspensão por 120 dias de todas as dívidas rurais, que seriam renegociadas por até 25 anos, com encargo financeiro prefixado de 3% ao ano.

Eles pedem também a redução do nível de recolhimento compulsório dos bancos ao Banco Central para aumentar a oferta de recursos a juros oficiais. Os governadores reivindicam R$ 2,8 bilhões para apoiar a comercialização da safra 2005/06, a redução de impostos sobre insumos agrícolas e retirada da Contribuição sobre Intervenção de Domínio Econômico (Cide) incidente sobre o óleo diesel, entre outras medidas.

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