O empresário que preside a empresa que idealizou a ferrovia Sinop-Mirituba, Guilherme Quintela, apresentou, esta tarde, em Sinop, durante palestra para lideranças políticas e empresariais, as atualizações feitas no projeto e informou que o ministério dos Transportes está intermediando a licença ambiental, última etapa do processo. Quintela declarou que não há nenhum impedimento para o governo prosseguir os procedimentos e ser feita licitação. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) deve finalizar em 15 dias o projeto executivo e enviá-lo para o Tribunal de Contas da União analisar e o próximo passo é o governo federal lançar a licitação que deve sair até março do ano que vem. Se essa previsão se consolidar, é possível que em 2035 a ferrovia fique pronta.
O estudo detalhado hoje, da empresa Estação da Luz, aponta que a alteração no projeto não impactou na extensão que continuará sendo de 933 km, às margens da 163. Não haverá túneis, ou relocação da população no traçado, aponta o estudo. Serão construídas 65 pontes ferroviárias (81, mil metros) 4 viadutos (493 metros) e 10 viadutos rodoviários. O projeto prevê 166,1 mil toneladas de trilhos. Serão usados 2 mil dormentes de concreto para os trens passarem e haverá 48 pátios ferroviários. A maior ponte será no rio Peixoto (entre Peixoto e Matupá) com 250 metros de comprimento. Os ramais de Sinop a Lucas do Rio Verde ficam previstos para segunda etapa.
A projeção é que a ferrovia proporcione para produtores rurais e empresas de Mato Grosso economia de 20% na tonelada do frete de produtos exportados via Miritituba para Europa, Ásia e África, o que representa R$ 8 bilhões/ano de redução de custos. A demanda projetada para a Ferrogrão até o ano de 2095 é de 69 milhões de toneladas.
Uma composição ferroviária com capacidade para 16,9 mil toneladas substituiria 422 caminhões carregados fazendo percurso Sinop-Miritituba. O estudo detalhado hoje em Sinop também aponta que a ferrovia proporcionará “redução de 40% das emissões de CO2 pela mudança da matriz de transporte (redução de carretas trafegando) e 3,4 m de toneladas de CO2 ano deixariam de ser emitidas.
A empresa prevê que o valor social presente líquido foi apontado em R$ 63 bilhões da Ferrogrão em alternativa à duplicação da 163. Quintela não estimou o montante financeiro que deve ser investido no empreendimento que começou a ser elaborado há 10 anos (2015) e ficou parado, por muitos anos, devido ação no STF, movida pelo partido PSOL, questionando impactos ambientais da ferrovia em área indígena no Pará. No estudo mostrado hoje, é descrito que “a Ferrogrão está fora do parque nacional Jamanxin”, no trecho contíguo ao parque (49km) a Ferrogrão encontra-se dentro da faixa de domínio da BR-163″, ou seja, fora da área do parque nacional Jamanxim” e “60% da faixa de domínio já está desmatada”. “haverá plantio compensatório de 2 mil hectares de vegetação nativa”. ” A definição dos limites da faixa de domínio equivale a 862 hectares, representando 0,1% da área original do parque”.
Quintela declarou que “hoje, o corredor de Miritituba já é um corredor que movimenta 20 milhões de toneladas de grãos sendo transportados por caminhões (BR-163). Com esse empenho aqui do governo do Estado, através da Nova Rota do Oeste, da duplicação do trecho até aqui a cidade de Sinop, vai aumentar ainda mais esse fluxo de transporte de grãos para o terminal fluvial de Miritituba”, disse.
Guilherme acredita que a ferrovia dará uma rentabilidade maior também aos caminhoneiros. “Eles vão fazer um transporte de um trecho menor, atendendo as pontas, a ferrovia não vai a todas as fazendas, a ferrovia não vai a todos municípios, então ele (o caminhoneiro) vai precisar alimentar a Ferrogrão aqui em Sinop, depois em Sorriso, depois em Lucas do Rio Verde e assim por diante”. “O caminhão não foi feito para transportar essas distâncias. Não foi feito para enfrentar esse desafio. O caminhão foi feito para fazer transportes mais curtos, mais rápido. E é assim que funciona no mundo todo”, avaliou.
Além dos terminais ferroviários localizados em Sinop e Miritituba, o projeto inclui a criação de quatro portos em rios dos municípios de Itacoatira, no Amazonas, em Santarém e Barcarena, no Pará, e em Santana, no Amapá.
A palestra para lideranças empresariais e do agro foi organizada pela prefeitura e entidades. O prefeito Roberto Dorner se mostrou otimista com o novo estudo. “O Ferrogrão é o que nós esperamos mais há muitos anos aqui, e eu vejo que cada vez está aproximando mais. Por isso nós, os munícipes, o prefeito, as autoridades, as entidades, tivemos que convidar o criador dessa política, da vinda do Ferrogrão, para que deixemos o povo a par de tudo que está acontecendo nos bastidores lá em Brasília”, disse.
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