Embora as investigações da Delegacia Fazendária (Defaz) tenham apontado o envolvimento do ex-secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, nos fatos investigados na 4ª fase da operação Sodoma, não houve, por parte da Polícia Civil e nem do Ministério Público Estadual (MPE), qualquer pedido de prisão, busca e apreensão e nem condução coercitiva contra ele.
Nadaf, entre setembro de 2015 e março deste ano, foi alvo de três decretos prisionais assinados pela juíza titular da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda. Ele foi preso na operação Sodoma (1ª e 2ª fase) e na operação Seven. Só deixou o Centro de Custódia no dia 5 deste mês após ter vários pedidos de habeas corpus negados. A última preventiva contra ele foi revogada por Selma Rosane.
A liberdade foi conquistada depois que Nadaf decidiu colaborar e confessar, em detalhes, sua participação nos crimes investigados pela Delegacia Fazendária e imputados a ele nas duas ações penais originadas da Sodoma, atualmente em tramitação na 7ª Vara Criminal.
Um dos motivos que justificam a não representação de pedido de prisão contra Nadaf nessa nova etapa da operação Sodoma é o fato de que ele já foi ouvido sobre os fatos e confessou sua participação. Ou seja, colaborou com as investigações auxiliando os delegados da Defaz a concluírem que a organização criminosa, desta vez agindo por intermédio do braço instalado no Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), solicitou e recebeu propina no valor de R$ 15,8 milhões entre abril e novembro de 2014.
Consta no despacho de Selma Rosane que a confissão de Nadaf somada às delações premiadas de Antônio Rodrigues de Carvalho, da empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários, proprietária da área desapropriada e do ex-presidente do Intermat, Afonso Dalberto, permitiu a identificação de mais um membro da organização criminosa: o ex-secretário estadual de Planejamento, Arnaldo Alves de Souza Neto.
No despacho proferido pela juíza no dia 21 deste mês e disponibilizado para a imprensa nesta terça-feira (27), consta que Pedro Nadaf participou ativamente do esquema. Ele foi responsável por comprar e entregar para Marcel de Cursi os 10 quilos de ouro utilizando R$ 1 milhão de propina destinado a Cursi. “As barras de ouro foram pessoalmente entregues por Pedro Nadaf a Marcel ao final do ano de 2014”, consta nos autos.
Nadaf também foi responsável por assinar, juntamente com Silval Barbosa, a minuta de um decreto que autorizou a desapropriação da área de 55 hectares localizada no bairro Jardim Liberdade e adquirida pelo Estado por R$ 31,8 milhões quando estava avaliada em R$ 17.8 milhões. Ou seja, com um desembolso superior em R$ 13.8 milhões.
Na 4ª fase da Sodoma, a juíza Selma Rosane decretou as prisões de Silval Barbosa, Arnaldo Alves, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima (procurador aposentado), Marcel de Cursi, Silvio César Corrêa Araújo (ex-chefe de gabinete de Silval) e Valdir Piran (empresário).