O ex-secretário de Fazenda e ex-chefe da Casa Civil durante os governos de Blairo Maggi (PP) e Silval Barbosa (sem partido), Eder Moraes, classificou como “ardilosa, sorrateira e astuta” a delação de Silval e o acusou de fazer combinação com seu ex-chefe de gabinete e também delator da operação Ararath, Sílvio César Corrêa Araújo, para saírem da cadeia. Ambos foram presos na Operação Sodoma e ganharam liberdade em junho do ano passado.
“Por mais ardilosa, sorrateira e astuta que tenha sido a combinação dos depoimentos dos delatores, não foram capazes de produzir a verdade e, sim, fantasias e ilações para saírem da cadeia”, disse Eder.
A declaração foi feita em depoimento ao delegado Wilson Rodrigues, no último dia 23 de maio, na superintendência da Polícia Federal em Cuiabá. Eder foi interrogado em inquéritos relativos à Operação Ararath que apura a existência de um sistema paralelo em Mato Grosso que movimentou milhões de reais desviados dos cofres públicos e de sonegação de impostos.
No interrogatório, o ex-secretário afirma que considera as delações forjadas pelos delatores para “atender e dar suporte à cleptocracia instalada por Silval”, reforçando que o ex-governador é réu confesso e o acusando de somente fazer a delação depois de conhecer os depoimentos da maioria dos investigados, encaixando valores em situações que pudesse gerar dúvidas.
Como exemplo, Eder afirma que Silval usou o registro de uma visita feita por Sílvio Corrêa em sua casa, no condomínio Florais dos Lagos, para alegar supostos ilícitos, mas sem apresentar provas. Segundo Eder, as visitas de Sílvio em 2014 ocorreram a mando de Silval para avisar que o então governador e seu governo estavam à disposição dele, que havia sido alvo da operação Ararath e ficado 81 dias preso no presídio da Papuda, em Brasília.
Ao delegado Wilson Rodrigues, o ex-secretário afirmou entender que, na verdade, tais visitas se tratavam de “sondagem” de possíveis denúncias que poderiam partir dele, já que sabia de muita coisa do governo Silval.
Ainda desqualificando as delações que o comprometem, Eder Moraes afirmou que existem várias incongruências nos depoimentos de Silval e Sílvio prestados ao Ministério Público Federal (MPF), como incompatibilidade de datas, valores, origem e destino de propina que afirmam terem pago a ele.
Como exemplo ele cita que sobre um suposto dinheiro que teria recebido e que na versão de Silval era oriundo da empresa Consignum enquanto na de Sílvio era do programa MT Integrado, por meio da empresa Três Irmãos Engenharia. Destaca que Silval Barbosa teria dito que o pagamento era de R$ 2 milhões e Sílvio disse que eram R$ 2,8 milhões.
De acordo com Eder, o ex-governador Silval ainda teria dito que o dinheiro foi repassado diretamente para o agiota Celson Bezerra, enquanto Sílvio alega que entregou os valores diretamente para Eder.