O empresário Valdir Piran e o ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes (PHS), compareceram à sede do Grupo de Atuação contra o Crime Organizado (Gaeco) hoje para serem ouvidos em um inquérito sigiloso. Por envolver político com mandado e detentor de foro por prerrogativa de função, o inquérito que foi instaurado em 2015, tramita no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
De acordo com o Ministério Público, Piran e Eder foram ouvidos. Porém, a defesa de Eder Moraes garante que ele foi levado ao Gaeco, mas não prestou qualquer depoimento. O ex-secretário estava acompanhado dos advogados e Ricardo Spinelli Fabian Feguri.
Spinelli atestou que eles pediram a suspensão da oitiva até que consigam ter acesso aos autos. “O ato foi suspenso”, afirma o advogado ao confirmar que o caso tramita sob segredo de Justiça no Tribunal de Justiça e que nem a defesa conhece o teor das investigações. O GD apurou que pelo menos 1 prefeito e 3 procuradores do Estado são investigados no inquérito.
O procurador do Estado aposentado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, atualmente preso no Centro de Custódia da Capital em decorrência de uma prisão preventiva decretada na 4ª fase da Operação Sodoma, também deveria ser ouvido pelos promotores e delegados do Gaeco. No entanto, nem chegou a comparecer ao Gaeco.
Seu advogado, João Nunes da Cunha Neto, explicou que Chico Lima não foi intimado pessoalmente para prestar depoimento e também não houve tempo hábil para a defesa pedir cópia dos autos do procedimento conduzido pelo Gaeco e pelo Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco). “Em virtude de que apenas houve um comunicado ao Diretor do CCC requisitando a condução do preso, houve recusa expressa em ser conduzido”, pontua João Cunha.
Eder Moraes, Chico Lima e Valdir Piran já foram alvos de operações policiais, sob suspeita de envolvimento em esquemas de corrupção. Os 3 estão presos em Cuiabá. Moraes está preso por fatos investigados na Operação Ararath da Polícia Federal. Ele também é investigado na esfera estadual e réu em ações civis e criminais que tramitam em varas distintas do judiciário mato-grossense.
Valdir Piran, dono da Piran Factorin, foi um dos alvos de investigação na 4ª fase da Operação Sodoma deflagrada pela Delegacia Fazendária (Defaz) da Polícia Civil no dia 26 de setembro. A investigação envolve a desapropriação de uma área de 55 hectares localizada no bairro Jardim Liberdade e adquirida pelo Estado por R$ 31,8 milhões quando estava avaliada em R$ 17.8 milhões.
O Ministério Público e a Polícia Civil afirmam que na transação houve pagamento de propina de R$ 15,8 milhões que foi rateado entre os envolvidos. Chico Lima, morador do Rio de Janeiro, também está preso em Cuiabá por causa dos fatos investigados na Sodoma 4.