O ex-secretário de Estado de Turismo e ex-diretor da extinta Agecopa, Yuri Bastos, reconheceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa, instalada na Assembleia Legislativa, que a contratação da empresa Castro e Melo, que elaborou o projeto básico de construção da Arena Pantanal, se deu por meio de uma indicação que, mais tarde, resultou em um processo de dispensa de licitação por parte do governo do Estado.
Em depoimento à CPI, o ex-secretário afirmou que a negociação entre o governo e a empresa, realizada em meados de 2008, foi possibilitada pelo então deputado federal Homero Pereira (já falecido) e intermediada por representantes da empreiteira Santa Bárbara Engenharia S/A que, dois anos depois, viria a ganhar a licitação para a construção em si do estádio.
De acordo com Yuri, o auxílio de Homero no sentido de apresentá-lo a representantes da Santa Bárbara, que indicaram a Castro e Melo, se deu diante das dificuldades do governo em encontrar uma empresa que fornecesse o projeto a um custo acessível.
À época, segundo ele, somente uma empresa, com sede na Alemanha, havia se interessado, mas teria cobrado do Estado cerca de 1,3 milhão de Euros, valor que foi descartado pelo então governador Blairo Maggi (PR) devido ao fato de Cuiabá, na ocasião, ainda sequer ter sido escolhida como subsede dos jogos do Mundial.
A CPI chegou às suspeitas de direcionamento da contratação ao identificar uma correspondência eletrônica trocada entre a secretaria comandada por Yuri e a Castro e Melo, mas que também tinha entre seus destinatários uma representante da Santa Bárbara.
Sobre o e-mail, Yuri afirmou que foi enviado porque o governo vivia um impasse com a Castro e Melo, que não queria entregar o projeto do estádio sem antes receber o valor pelo qual foi contratada, ao passo que o governo não podia efetuar o pagamento, sem antes receber o produto da contratação.
O ex-secretário falou ainda sobre os serviços prestados pela empresa de consultoria Deloitte, contratada pelo governo para auxiliar na apresentação dos potenciais de Mato Grosso como subsede da Copa do Mundo. Yuri reconheceu que a empresa atuou antes de ter um vínculo legal firmado com o Estado, ocasião em que enviou representantes a um evento no Rio de Janeiro em que as cidades candidatas a receber os jogos se apresentariam à Fifa. O ex-secretário, no entanto, disse ter visto a situação como natural, já que, na época, segundo ele, já havia o entendimento de que a empresa seria contratada e que a documentação para isso já estava sendo elaborada.