Réu na ação penal decorrente da Operação Ventríloquo, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o ex-procurador jurídico da Assembleia Legislativa, Anderson Flávio de Godoi, prestou um novo depoimento, hoje, na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, e confirmou que ocupa um cargo de assessor parlamentar no Legislativo.
Ele pediu para ser reinterrogado depois de ter sido acusado por Odenil Rodrigues de Almeida, assessor de confiança do deputado Guilherme Maluf (PSDB), de ter recebido os R$ 50 mil que foram depositados na conta de Odenil no dia 25 de fevereiro de 2014, valor oriundo de propina. Ele negou as acusações de que teria recebido dinheiro oriundos de propinas de pagamentos de uma dívida de seguros contraída junto ao antigo Banco Bamerindus, hoje HSBC, em R$ 9,4 milhões. "Venho aqui me declarar inocente, não conheço esta pessoa. Me surpreendeu a forma como ele me acusou. Nunca recebi dinheiro da AL, a não ser do meu trabalho", disse.
Godoy afirmou que estava no dentista no dia em que Odenil relata ter se encontrado com ele para pegar o dinheiro. "Eu tenho provas no meu imposto de renda, eu estava no consultório odontológico às 10h da manhã. Não sabia nem que era Odenil".
Para o ex-procurador do parlamento, Odenil está tentando proteger alguém ou o destinatário da propina de R$ 50 mil que ele foi acusado de receber no esquema. "Ele inventou esta história para livrar outra pessoa. Não tem outra explicação, não iria me sujar por R$ 50 mil. Tenho uma visa simples. Não tem nenhum outro motivo senão por querer encobrir outra pessoa. Está ficando claro que ele quer proteger alguma pessoa com grande influência política", observou.
Godoi classifica o depoimento de Odenil como cofuso. "Em vários momentos o depoimento de Odenil é contraditório, quando confrontado com o depoimento que prestou ao Gaeco onde afirmou que entrou na Assembleia Legislativa em 2012".
Pontuou que as nomeações estão na internet e mostram que Odenil sempre esteve lotado na primeira secretaria, sob o deputado Mauro Savi (PSB). Aponta contradição também quando Odenil afirma que sempre trabalhou com Márcio Bastos Pommot. "Ele diz que trabalhava na Secretaria Geral, mas não sabe precisar quem era o superior dele. A gente sabe que ele é próximo do Maluf. Na secretaria que ele está é de controle do presidente. Cada um coloca sua pessoa de maior confiança nesse cargo porque é importante ter uma pessoa de confiança nesse cargo. Ele é a pessoa de confiança do Maluf, olha ai, fez doações ao Maluf, trabalhou no Santa Rosa que é do Maluf", disse Godoi.
Anderson Godoi também apontou outra divergência quando Odenil diz que sua esposa também trabalhava na Assembleia. "Se os dois ocupavam cargo de comissão isso é nepotismo", disse Anderson Flávio.
Ele também acredita que Odenil não sacou os R$ 50 mil no terminal da Assembleia sem fazer previsão de saque antes. Godoi citou que já tentou sacar R$ 10 mil no local e não conseguiu. “É muito estranho, a pessoa diz que eu o procurei dia 26 de fevereiro, deu tempo de ele falar com o Márcio, ir no banco sacar o dinheiro e me entregar. É muito pouco tempo pra fazer isso. Precisamos pedir a ficha do caixa pra provar minha inocência. Ele pode ter feito operação de saque, mas não ter feito saque, ter pago duplicatas, ted para outras pessoas", ressalta.
O ex-procurador geral destaca que a ficha de caixa vai demonstrar as situações mal esclarecidas. "E também para verificar se naquele dia lá tinha numerário para sacar esse valor. Dentro disso, quero reafirmar que não peguei e nem recebi dinheiro nenhum por causa disso", pontuou.
José Riva também enfatizou em seu depoimento que o assessor da presidência, Odenil, não repassou o valor citado acima para Anderson Godoi. Riva garante que Godoi foi acusado injustamente.