O deputado estadual e ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), disse que nada tem a ver com o suposto esquema de desvio de recursos públicos, por meio do programa Poeira Zero, uma vez que já não atuava na prefeitura há 23 meses. Ele definiu as acusações, feitas por um dos sócios da Todeschini e Terraplanagem, Robinson Todeschini, como ‘bobagens’ e questionou o teor do depoimento feito pelo empresário.
Santos destacou que o programa foi lançado pelo ex-prefeito e seu sucessor, Chico Galindo (PTB), em janeiro de 2012, época em que ele não atuava mais no Executivo. O atual parlamentar deixou a prefeitura em março de 2010, para disputar o governo do Estado e acabou derrotado na disputa.
“Tem que rir de tudo isso. Não conheço essa história, mesmo porque eu já não estava na prefeitura há muito tempo. Engraçado é que não foi apresentado nenhum documento, nada, que com certeza vai provar que não participei do projeto porque fazia 23 meses que tinha saído da prefeitura”.
O tucano ainda salientou que nunca foi notificado sobre as acusações, mas que está à disposição para prestar qualquer tipo de esclarecimento sobre o caso. “Tem muita bobagem envolvida nesse depoimento. Acredito que seja um desentendimento familiar por parte da empresa, por isso ele [Robinson Todeschini] declarou estas inverdades e saiu atirando para tudo quanto é lugar. Eu lamento muito por isso, porque nem a PF levou a sério este depoimento que foi feito no ano passado, porque nunca fui notificado sobre nada. Mas estou à disposição para prestar esclarecimento se for preciso”.
Wilson declarou que não tem conhecimento a fundo sobre o depoimento de Todeschini, mas que vai procurar saber e, assim, estudará quais medidas irá tomar sobre o assunto.
Já Chico Galindo ressaltou que jamais participou de qualquer esquema deste tipo e se declarou tranquilo diante das declarações, uma vez que jamais autorizou esse tipo de pagamento e ressalta ainda que o programa Poeira Zero, iniciado em sua gestão, não possui vínculo com a administração Wilson Santos e que, tampouco, a prefeitura tinha condições de executar as obras com equipamento próprio a fim de fraudar as medições.
Suposto esquema – Santos e Galindo foram apontados por um dos sócios da empresa como participantes de supostos desvios de recursos públicos, dentro de um esquema por meio do programa de asfaltamento Poeira Zero. Conforme a acusação, o esquema envolveu empréstimos de instituições financeiras, empreiteiras prestadoras de serviços a órgãos públicos e agentes políticos. Durante depoimento prestado à Polícia Federal em maio do ano passado, no curso das investigações, Robinson teria declarado que a Constil Construções e Terraplanagem, por meio de um de seus sócios, Bruno Simoni, estaria movimentando valores a fim de “ressarcir” os então prefeitos.
De acordo com o empresário, durante auditoria para averiguar um rombo de R$ 10 milhões nas contas da Constil, descobriu que Simoni emitia cheques a três empresas, totalizando uma movimentação de mais de até R$ 3 milhões. Ao questionar o empresário, Todeschini declarou que o mesmo afirmou que a quantia se destinava a um acordo feito junto à Prefeitura de Cuiabá, que envolvia a contratação da Constil para realização de obras de pavimentação asfáltica do programa Poeira Zero.
Conforme teria relatado Simoni a Todeschini, as medições do programa eram feitas em cima de trechos executados pela própria Prefeitura, permitindo aumentar o valor da nota fiscal emitida pela empresa ao Município acerca dos serviços supostamente prestados. Em contrapartida, o valor excedente deveria ser devolvido ao prefeito, que, por sua vez, indicava as empresas destinatárias dos cheques. O acordo teria sido firmado com Santos, que deixou o comando do Executivo Municipal para disputar o governo, em 2010, e mantido na gestão Galindo.