O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, convocou nesta quarta-feira uma reunião, no Palácio da Alvorada, para tratar da suposta compra de um dossiê pelo PT contra os tucanos José Serra (candidato ao governo de São Paulo) e Geraldo Alckmin (candidato à Presidência).
Participam do encontro o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça), o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e o publicitário da campanha, João Santana.
O presidente do PT, que chegou para a reunião sem falar com a imprensa, deve explicar a participação de seus subordinados na compra do dossiê.
Jorge Lorenzetti, que até ontem fazia parte da coordenação de campanha do presidente, é apontado como um dos mandantes da negociação do documento.
Expedito Afonso Veloso é diretor da área de Gestão de Riscos do Banco do Brasil e supostamente teria recepcionado Valdebran Padilha da Silva, o intermediário de Luiz Antônio Vedoin, principal envolvido no esquema dos sanguessugas e que teria produzido e tentado vender o dossiê.
Oswaldo Bargas foi secretário do Ministério do Trabalho durante a gestão de Berzoini e procurou jornalistas da revista “Época” para oferecer material contra “políticos de renome”, com “fotos, vídeos e documentos”, o que levantou suspeitas de que também soubesse do dossiê.
Em conversas reservadas, dirigentes do PT apostam que nas próximas horas Berzoini deve entregar o cargo de coordenador nacional da campanha de Lula e dificilmente também vai se sustentar na presidência do partido.
A avaliação é que o presidente do PT não poderá se colocar como inocente no episódio, pois este papel já pertence ao presidente Lula.
Entenda o caso
Na última sexta-feira, Valdebran, que é filiado ao PT do Mato Grosso, e o advogado Gedimar Pereira Passos foram presos, em São Paulo, sob suspeita de intermediar a compra de documentos que mostrariam o suposto envolvimento de Serra e Alckmin com a máfia dos sanguessugas. Com eles, a polícia apreendeu cerca de R$ 1,7 milhão.
Gedimar afirmou à PF que foi “contratado pela Executiva Nacional do PT” para negociar com a família Vedoin a compra de um dossiê contra os tucanos, e que do pacote fazia parte entrevista acusando Serra de envolvimento na máfia.
Para a PF, o advogado disse ainda que seu contato no PT era alguém de nome “Freud”. Freud Godoy pediu afastamento do cargo de assessor especial da Presidência. Ele nega as acusações.