O empresário Sebastião Augusto Buani prepara uma nova versão para a suposta propina paga em 2003 ao deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) em troca de privilégios na exploração de um dos restaurantes da Câmara. À Polícia Federal, Buani se apresentaria como vítima de extorsão e levaria provas dos pagamentos ao atual presidente da Casa.
A nova versão foi discutida em reunião de Buani e seu advogado, Sebastião Coelho da Silva, no final da tarde de ontem. “A verdade vai ter de ser dita, e a disposição dele [Buani] é falar a verdade na Polícia Federal. São tantos os detalhes que não tem como desmentir”, disse o advogado.
Segundo Silva, seu cliente está sob “pressão” –tem recebido telefonemas tanto de amigos como de adversários do presidente da Câmara.
Pressões
O advogado não soube dizer se o cliente teria conversado com Severino Cavalcanti desde a divulgação da denúncia de pagamento de propina pelas revistas semanais, no último fim de semana. “Ele está numa situação difícil, sob alta pressão, mas está se mantendo firme, quieto e firme”, afirmou o advogado.
Ontem, Buani não atendeu aos pedidos de entrevista da Folha. O depoimento do empresário à PF tornaria inviável a permanência de Severino Cavalcanti no comando da Câmara dos Deputados, segundo avaliação feita por interlocutores do empresário durante o feriado. Existe uma divergência em relação à data do depoimento: o advogado de Buani diz que ele deve ocorrer na próxima semana. A PF informou que ele pode ser ouvido hoje.
À noite, Sebastião Coelho da Silva disse que ainda não havia sido procurado pela Polícia Federal para negociar a antecipação do depoimento de Buani.
Negativa
Na segunda-feira, o dono da Buani e Paulucci negou que tivesse pago propina de R$ 10 mil ao deputado Severino Cavalcanti entre março e novembro de 2003, conforme denúncias publicadas no último final de semana pelas revistas “Veja” e “Época”.
“Eu não tenho dinheiro nem para pagar minhas contas, quanto mais para pagar propina. Eu não paguei propina a ninguém”, afirmou Buani após depoimento a uma comissão de sindicância da direção da Câmara.
Na ocasião, o empresário disse que voltaria a falar sobre o assunto no momento oportuno. No caso, quando fosse convocado a depor na Polícia Federal.
Ontem, o advogado de Buani disse que seu cliente não mentiu à comissão da Câmara. Segundo Silva, faltou a pergunta correta ao empresário.
“Não chegaram a perguntar sobre os pagamentos, e há uma diferença muito grande entre propina e extorsão”, comentou o advogado, sugerindo que é nesses termos que o empresário pretende justificar pagamentos que teriam sido feitos a Severino Cavalcanti. “Tudo vai ser provado”, adiantou o advogado.
Documento
Por ora, a principal peça contra Severino é um termo de prorrogação, até 2005, do contrato para exploração do restaurante do décimo andar do prédio da Câmara onde funcionam gabinetes de deputados. No documento, com data de 4 de abril de 2002, consta a assinatura de Severino Cavalcanti, então primeiro-secretário da Casa. A prorrogação do contrato seria irregular e não constaria no regimento interno da Câmara.
Cópia do documento foi apresentada anteontem à Polícia Federal pelo ex-gerente do restaurante Fiorella Izeilton Carvalho. Ele trabalhou com Buani durante três anos, na Câmara. Pediu demissão recentemente.
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Empresário deve confirmar na Polícia Federal propina para Severino
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