O empresário Anildo Lima Barros, preso pela Polícia Federal durante a operação Pacenas por suposto envolvimento com fraudes em licitações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foi um dos principais doadores da campanha do prefeito de Várzea Grande, Murilo Domingos (PR).
Representante da Gemini Projetos Incorporação e Construções LTDA, Anildo doou R$ 100 mil para a campanha de Murilo na eleição passada, apesar do prefeito negar a informação de que teria recebido contribuição financeira do empreiteiro que ele admite ser apenas um antigo amigo.
A doação da Gemini aparece na prestação de contas que Murilo informou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) logo após a eleição de outubro do ano passado. A transferência eletrônica de R$ 100 mil consta na relação de doações da campanha com número 00311076000138 e foi feita no dia 1 de outubro, quatro dias antes da eleição do dia 5 de outubro.
A Gemini é responsável por uma das principais doações para a campanha de Murilo. A maior foi da empresa Comercial de Alimentos JPM LTDA, que doou R$ 400 mil em uma única vez, segundo prestação de contas obtida por A Gazeta.
Anildo teve vários telefonemas grampeados pela Polícia Federal e que reforçam seu envolvimento com fraudes em licitações do PAC. Em um dos diálogos, ele chega a sugerir ao empresário Mauro Mendes, presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), que não participasse dos processos licitatórios porque ele certamente não se consagraria vencedor. Em outras conversas, Anildo também cita nomes de secretários municipais de Várzea Grande e diz que iria procurar o prefeito Murilo Domingos para tratar de "alguns assuntos". Anildo permanece preso no anexo 1 do Pascoal Ramos, a Polinter, junto com os empresários Carlos e Marcelo Avalone. Eles tiveram o pedido de habeas corpus negado pela Justiça na sexta-feira.
Outro lado – Ao ser questionado sobre a relação com Anildo na sexta-feira, Murilo assegurou não ter recebido qualquer doação da Gemini. "Não houve nada disso", afirmou Murilo, durante visita ao juiz federal Julier Sebastião da Silva, com quem foi colher informações sobre a decisão que bloqueou os recursos do PAC.