sábado, 4/maio/2024
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Emanuel admite carros e luxo, mas nega lavagem de R$ 1,5 milhão

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Durante interrogatório conduzido pela juíza Selma Rosane Santos Arruda nesta sexta-feira, o ex-vereador João Emanuel Moreira Lima negou ter praticado o crime de lavagem de dinheiro no episódio do desvio de R$ 1,5 milhão da Câmara Municipal de Cuiabá quando era o presidente do Legislativo Municipal. Ele confirmou que comprou entre 2012 e 2013 um Porsche de R$ 318 mil, uma caminhonete S-10 no valor de R$ 170 mil e um pacote de viagem internacional para Orlando, mas garante que não utilizou dinheiro desviado dos cofres públicos.

As declarações de Emanuel foram dadas durante audiência de instrução e julgamento na ação penal decorrente da 3ª fase da Operação Aprendiz deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) para desarticular um esquema de desvio de recursos da Câmara de Cuiabá. Também foram interrogados os réus Luciano Cândino Amaral e Lucas Henrique Amaral (pai e filho) e Guedey Araújo, ex-motorista de João Emanuel. Todos negaram as acusações e atestaram que não participaram do crime de lavagem de dinheiro que o Ministério Público imputa a eles.

As investigações apontaram que para operar o esquema foi utilizada a empresa Propel Comércio de Materiais Ltda. ME, nome fantasia Gráfica O Documento, de propriedade do ex-deputado estadual Maksuês Leite em sociedade com o empresário Gleisy Ferreira de Souza. Para isso, a Câmara de Cuiabá fez uma adesão a uma ata de registro de preços da Assembleia Legislativa para compra de materiais gráficos e de expediente da Propel.

Conforme o MPE, a empresa simulava a confecção e entrega de materiais gráficos como livros e apostilas, emitia notas de entrega e recebia da Câmara sem fornecer os materiais. Dos valores pagos, 75% ficava para João Emanuel enquanto Maksuês ficava com os outros 25%. O ex-deputado firmou um acordo de colaboração premiada e relatou como funcionava o esquema criminoso, proposto, segundo ele, por João

No interrogatório, o ex-vereador disse que os fatos narrados na denúncia são falsos. Relatou que em 2012 no ano da campanha eleitoral pegou um empréstimo de R$ 140 mil a juros de 2% do Julio César Americano, um policial militar aposentado e que era dono de uma factoring, na versão de João Emanuel. Júlio Cesar já morreu.

Depois, Emanuel relata que pediu ao seu motorista, Guedey Araújo, de apelido “Castelo” para buscar os valores do empréstimo com o Júlio César para pagar as dívidas do então vereador. Castelo, além de motorista, era uma espécie de “faz tudo” e tinha a missão de pagar as parcelas do Porsche, do pacote de viagem internacional e da S-10 comprada do réu Luciano Amaral.

Do valor de R$ 140 mil que Emanuel afirma ter emprestado, relata que só pagou R$ 50 mil e ainda deve outros R$ 90 mil. Mas disse que quando “sair dessa”, pretende procurar familiares e herdeiros de Júlio César para acertar a dívida.

Já o réu Luciano também disse em seu interrogatório que da caminhonete que vendeu a João Emanuel só recebeu a entrada de R$ 20 mil e os juros em 4 cheques no valor de R$ 5 mil. Os cheques eram da empresa Propel e por este motivo ele virou réu acusado de lavar o dinheiro desviado da Câmara. “O carro não recebi até hoje. São R$ 150 mil que não recebi até hoje. Resumindo: perdi um carro e agora tem um processo pra responder”, lamentou ele diante da juíza Selma Rosane.

Luciano relatou ainda que vendeu a caminhonete em 2012 e dias depois Emanuel já revendeu o veículo numa loja de compra e venda de veículos usados. Assim, não pôde reaver a S-10 depois que João Emanuel não honrou o acordo já em 2013 quando era o presidente da Câmara de Vereadores.

Lucas, o filho de Luciano entra na história porque era funcionário da Câmara contratado por João Emanuel. Ele confessou no depoimento que trocou um cheque da empresa Propel no valor R$ 15 mil a pedido de Guedey, motorista de Emanuel. Afirmou, no entanto, que não sabia a origem do cheque e nem o destino pois depois de descontar o cheque no banco entregou o dinheiro ao então vereador e não perguntou do que se tratava. Atestou que não participou de qualquer crime de lavagem de dinheiro.

Por fim, o réu Guedey Araújo também confirmou que fazia diversas operações bancárias para João Emanuel, mas segundo ele, isso fazia parte de suas funções e não cabia a ele, enquanto um funcionário subalterno questionar ordens ou origem e destino dos cheques que descontava a pedido do então presidente da Câmara.

Confirmou que levou a entrada de R$ 60 mil para compra do Porsche e assinou alguns papeis, mas não lavou dinheiro desviado do Legislativo Municipal. Em alguns momentos do interrogatório ele chorou e disse que depois que virou réu procurou ajuda na casa de Emanuel e foi maltratado, desprezado e humilhado. “Mas não guardo magoa de nada”, atestou.

A ação penal agora entra na fase de diligências. Somente a defesa de Emanuel solicitou diligências e prazo de 5 dias. O advogado Lázaro Moreira Lima que é irmão e defensor de Emanuel pediu, verbalmente, a revogação da prisão preventiva do ex-vereador decretada por Selma Rosane. O promotor Samuel Frungilo pediu vista dos autos para analisar e emitir parecer sobre o pedido de revogação da preventiva.

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