A posição ambiental do novo governo americano vai aumentar a pressão para que países em desenvolvimento, como o Brasil, assumam metas de redução de emissões de CO2 na atmosfera. Essa foi uma das análises que o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, fez hoje durante encontro com estudantes e professores sobre preservação ambiental hoje, na universidade de Georgetown, em Washington e dos potenciais de Mato Grosso. Para Maggi, está claro que o governo de Barack Obama terá uma atuação muito mais ativa no debate ambiental do que a administração republicana de George W. Bush. “Quando estive na Califórnia, há 15 dias atrás, o Obama fez um anúncio de que seu governo estará comprometido com as questões ambientais, como o aquecimento global. Esse é um tema praticamente ignorado pelos republicanos”, disse.
Questionado se o Brasil será pressionado a adotar metas de redução de gases mais ambiciosas, Maggi disse que ainda é cedo para saber isso, mas lembrou que o Brasil terá um papel fundamental nas discussões. “O Brasil já tem metas e tem planos de redução de emissões de CO2 na atmosfera e poderá ser mais pressionado para diminuir o ritmo do desmatamento”, afirmou o governador.
Ele mostrou o papel de Mato Grosso no debate ambiental e fez questão de mostrar para os americanos que a realidade dos nove estados que compõem a Amazônia Legal é distinta. “É importante ter isso em mente porque a Amazônia não é homogênea. Há muitas diferenças entre os estados que tem território no bioma”, explicou.
O governador mostrou que Mato Grosso é um estado com três biomas e com forte vocação agrícola. Outro assunto que teve destaque na apresentação e que despertou a curiosidade dos presentes foi o processo histórico de ocupação da Amazônia. “Nos anos 70 o regime militar promoveu uma intensa ocupação da região. Eles queriam levar desenvolvimento para o oeste brasileiro”. Segundo Blairo, porém, uma parte dessa ocupação foi desorganizada e se reflete nos obstáculos fundiários que existem na região.
Apesar da queda no ritmo do desmatamento em Mato Grosso nos últimos quatro anos, Maggi disse que muito mais ainda pode ser feito para eliminar o problema. Lembrou que Mato Grosso pode aumentar a produtividade da pecuária no estado e defendeu um novo modelo de reforma agrária na região Amazônica. “Hoje temos uma cabeça de bovino por hectare. A meta do meu governo é ter cinco cabeças por hectare. Outro problema são os assentamentos na região. O pequeno assentado enfrenta muitas dificuldades para se manter e muitas vezes ele não tem outra alternativa a não ser desmatar para sobreviver”.
Maggi defendeu o pagamento de produtores por serviços ambientais como uma das formais mais eficientes para reduzir o desmatamento porque não vão abrir as áreas que têm direito para ampliar a produção agrícola e deve ser compesados por isso. A conta seria paga por organismos internacionais. Ele mostrou que a agricultura não é o grande vilão do desmatamento em Mato Grosso. “Desde 1990 o Brasil aumentou a produção de grãos em 140%. No mesmo período a área plantada cresceu apenas 30%. Ou seja, temos condições de aumentar a nossa produção sem derrubar uma árvore”, afirmou.
Logo depois da palestra Maggi se encontrou com o diretor do Centro de Estudos da América Latina de Georgetown, Arturo Valenzuela, e com o diretor do Centro de Estudos Brasileiros da mesma universidade, Bryan McCann. Nesta terça-feira, o governador se apresentará no Cato Institute, também em Washington.


