A nova mesa diretora da Assembleia Legislativa foi eleita com 21 votos favoráveis e três contrários. A votação foi realizada, agora há pouco. Os 24 deputados estaduais estavam presentes na sessão ordinária. Botelho precisava de maioria absoluta, ou seja, 13 votos. A sessão da Assembleia Legislativa teve início, esta manhã. O atual vice-presidente, Eduardo Botelho (PSB) vai ser eleito presidente encabeçando chapa consensual. O 1º vice-presidente é Gilmar Fabris (PSD), segundo vice, Max Russi (PSB), primeiro secretário Guilherme Maluf (PSDB), segundo secretário, Ondanir Bortolini, o "Nininho" (PSD), 3º secretário Baiano Filho (PSDB) e 4º secretário Silvano Amaral (PMDB). Parte da oposição acabou aceitando a quarta secretaria para compor com os aliados do governo e ser formada chapa consensual. Havia articulação para formação de chapa, o que não evoluiu.
Em seu discurso logo após a divulgação do resultado, Botelho disse que sua candidatura foi formada há muito tempo, ainda durante a primeira eleição da Assembleia nesta legislatura. Não foi formatada no gabinete do governador Pedro Taques como alguns colegas disseram. Ele negou que o Parlamento é um “puxadinho”, pois sempre houve liberdade inclusive para reprovar projetos do governo.
Ele também afirmou que o atual governo precisa ouvir o parlamento, que sabe onde estão os problemas. O novo presidente alegou que na Assembleia tem 24 líderes e não bandidos. Afirmou que está emocionado com a eleição e quer fazer uma gestão com todos. Disse saber ouvir e quando tomar decisões com a convicção de que todos foram ouvidos.
“Dinheiro muda as pessoas, eu já tive dinheiro e não mudei. Poder muda as pessoas, eu já tive poder e não mudei”, ressaltou ao afirmar que não iria mudar por ser eleito presidente da Assembleia.
Durante a sessão de votação vários parlamentares usaram a palavra. O primeiro foi o atual presidente, Guilherme Maluf, que fez um balanço de sua gestão, lembrando a economia que foi feita com os recursos da Assembleia para devolução ao governo condicionada a compra de ambulâncias para municípios. Maluf disse que uma nova cota de ambulâncias será entregue até setembro. Ele também citou as audiências públicas feitas em cidades polos ouvindo os anseios dos mato-grossenses.
O deputado Zeca Viana (PDT) iniciou seu discurso afirmando que não é verdadeira a notícia divulgada em um site em Cuiabá que ele teria declarado que estaria ocorrendo compra de votos para eleição da mesa. "Eu não falei isso ontem e está gravado nos anais da casa. Não aceito que divulgue coisas inverídicas", criticou. Zeca também disse que a Assembleia, sob o comando da atual mesa diretora, teve avanços significativos mas houve falhas e que a Assembleia se transformou em "puxadinho do Palácio Paiaguás".
Viana disse que espera que Botelho não seja omisso durante sua gestão e relembrou a luta de outros seis parlamentares que fazem parte da oposição ao atual governo estadual. Ele lembrou que tentou montar uma chapa, porém, não conseguiu. O pedetista também disse que é contra esta chapa montada, pois não é da Assembleia e sim do governador Pedro Taques.
Após sua fala, o presidente Maluf afirmou que se Viana falou sobre a compra de votos deveria comprovar tal fato. Viana voltou ao microfone e novamente negou ter falado sobre este assunto, mas se tivesse que provar o faria.
Gilmar Fabris (PSD) falou em nome da liderança e usou boa parte de seu discurso para se defender das acusações de envolvimento no caso das “Cartas Marcadas”, na qual houve suposto desvio de recursos públicos no pagamento de cartas de crédito do governo do Estado. Agradeceu ser lembrado para compor a nova chapa e afirmou também que outros postos foram oferecidos, mas negou. Preferiu ficar na vice-presidência.
Janaina Riva (PMDB) se pronunciou em nome da liderança. Ela ressaltou o trabalho dos sete deputados considerados “independentes”. Para ela, a Assembleia precisaria de mais independência. O Legislativo vem recebendo ataques, vem se enfraquecendo e precisa mudar. Ela apontou que vota contra esta chapa. Disse que luta por um parlamento independente.
Pedro Satélite (PSD) disse que defende a independência dos poderes e não aceita dizer que a Assembleia é um “puxadinho” do governo. Afirmou que tem sua própria independência, mas vota com o governo por acreditar nas melhorias em Mato Grosso. A oposição é importante, mas é necessário respeito. Ele nega que o governador tenha interferido na eleição da mesa diretora.
Peri Taborelli (PV) disse que ser independente custa muito caro. Ele afirmou que mesmo independente nunca sofreu qualquer tipo de represália dentro da Assembleia por causa de sua postura.
Romoaldo Júnior (PMDB) afirmou que a Assembleia mudou muito nos últimos 20 anos, tem mais estrutura para atender aos municípios. Ele afirmou que Viana não falou em compra de votos e sim da interferência do governo na eleição da mesa diretora.
José Carlos do Pátio (SD) defendeu o colega de parlamento Zeca Viana. Ele lembrou que se não tivesse interferência externa, no caso do governo, a chapa liderada por Botelho teria os 24 votos. Afirmou que o grupo “independente” vai cobrar ações da nova gestão. Pediu para que o grupo se mantivesse unido para construir um projeto futuro. Ele disse que o grupo nem queria cargo na mesa, oferecido a Silvano Amaral [quarta secretaria], mas aceitou pela insistência de Botelho pela integração.
Wagner Ramos (PSD) defendeu mudanças na eleição da mesa diretora. Propôs estudar uma nova forma de processo como a eleição avulsa dos postulantes.
Baiano Filho (PSDB) afirmou que Botelho teve a simplicidade para conquistar voto a voto para chegar à presidência da Assembleia. Ele também ressaltou as conquistas realizadas pelo atual presidente, Guilherme Maluf.
Emanuel Pinheiro (PMDB) disse que quando se fala em independência é uma questão interna, com a alternância do poder dentro da Assembleia. Elogiou Maluf, mas afirmou que o excesso de relação com o Poder Executivo prejudicou a Assembleia. Esta seria a independência pregada pelo grupo dos sete parlamentares oposicionistas. Ele lembrou que vários colegas apenas trocaram de postos na nova mesa diretora, enquanto os demais não puderam participar deste processo.
José Domingos Fraga (PSD) disse que concorda com a alternância de poder para que todos possam ter a satisfação de ocupar cargo de presidência ou primeiro-secretário. Ele defendeu alteração no regimento e irá propor a mudança. Para ele, quem se elegeu presidente não poderia ocupar o cargo novamente para que ocorra um rodízio, além disso mudança na data da votação e posse da nova mesa.
Wilson Santos (PSDB) ressaltou o trabalho feito pelo atual presidente Guilherme Maluf. Ele lembrou que os governadores anteriores sempre tiveram dificuldades para eleger seus aliados na presidência. No entanto, o governador Pedro Taques conseguiu isso. Segundo o tucano, Maluf conseguiu construir uma harmonia dentro da Assembleia. Ele também defendeu a proposta do deputado José Domingos sobre mudanças na data da eleição e posse da nova mesa. Ele também lembrou que a base de Taques elegeu 11 parlamentares e atualmente tem 18 ou 19 membros.
Mauro Savi (PR) destacou que é difícil uma alternância de poder com quatro mandatos de deputado. Ele também falou sobre “puxadinho” e que alguns procuraram o governo para formar chapa.
(Atualizada às 11h10)