A cobrança de propina para a liberação ou manutenção de incentivos fiscais a empresas já foi denunciada anteriormente pelo ex-secretário de Estado de Fazenda, Eder Moraes Dias, quando negociava a possibilidade de se tornar delator da operação Ararath. Em depoimentos prestados ao promotor Marcos Regenold Fernandes, Eder chegou a dizer que o ex-secretário Pedro Nadaf, preso ontem à tarde, teria recebido, de uma das empresas, uma fazenda na região do Pantanal.
No depoimento prestado em fevereiro do ano passado, Eder revelou ter participado de reuniões em que ocorreram acertos para que empresas favorecidas com os benefícios quitassem dívidas eleitorais do grupo político do qual ele fazia parte. De acordo com o ex-secretário, as empresas dos setores beneficiados com incentivos fiscais também pagavam parte da propina através de doações.
“Participei (de reuniões em que ocorriam os acertos). (O) valor exato de retorno (propina) não. Eu vi muito em renovação de incentivos. Pega a relação de doadores de campanha. Tá certo, ali é o oficial. Você vê que esses setores beneficiados vêm financiando campanha no Estado de Mato Grosso. Ali é o oficial, o que na verdade vem por fora você não contabiliza”, disse Eder no depoimento prestado ao Ministério Público Estadual (MPE).
Em outra parte das declarações, o ex-secretário avalia que a política de incentivo fiscal em Mato Grosso está corrompida e gera aos cofres públicos prejuízo anual de R$ 1 bilhão. “Está absolutamente corrompida a base tributária de frigorífico e dos setores sucroalcooleiro e atacadista. Esses três têm uma renúncia de no mínimo R$ 500 milhões/ano. O setor de frigorífico deveria ter R$ 600 milhões de arrecadação e estão pagando R$ 140 milhões. O setor sucroalcooleiro tem como potencial de receita R$ 350 milhões e estamos arrecadando R$ 120 milhões. Mato Grosso está afundando”.