O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) reassumiu hoje seu mandato de deputado depois de 30 meses no Executivo. Na porta da Câmara dos Deputados, um grupo de deputados petistas, entre eles, Arlindo Chinaglia (SP), Professor Luizinho (SP) e Paulo Rocha (PA), e de cerca de 200 militantes o esperavam.
Sob gritos dos militantes, Dirceu demorou quase 40 minutos para percorrer os pouco mais de 100 metros que separam a porta de entrada da Câmara e a sala da liderança do PT. No caminho, agradeceu aos militantes, abraçou o suplente Ricardo Zarattini Filho (PT-SP), as demais lideranças petistas e se mostrou contente com a manifestação organizada hoje. “Faz bem para o coração da gente, faz bem para a alma”, disse. “Estou feliz de voltar à Câmara.”
Já no plenário da Câmara, Dirceu afirmou que não precisa responder às denúncias do presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), de que o ex-ministro seria o chefe “do maior esquema de corrupção” que diz ter visto. “Eu já disse: a ele [Jefferson] já respondi no STF (Supremo Tribunal Federal”, afirmou Dirceu em referência à queixa-crime que apresentou ao tribunal. “Não sou réu em nenhum processo no Brasil. Tenho 40 anos de vida política, 30 meses de ministro, minhas contas foram aprovadas pelo TCU (Tribunal de Conta da União) em 2003 e 2004”, afirmou.
Dirceu voltou à Câmara depois de aceito o seu pedido de demissão na semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-ministro, substituído por Dilma Roussef, que deixou o Ministério de Minas e Energia, foi diretamente atingido pelas denúncias de Roberto Jefferson sobre o pagamento de mesadas a deputados do PP e PL pela direção do PT.
Em seu depoimento no Conselho de Ética da Câmara, Jefferson disse que Dirceu deveria sair o mais rápido possível do governo para não fazer réu o presidente Lula. A cúpula do governo estudava alternativas a Dirceu. Pensaram em remanejá-lo para um ministério técnico, mas a continuidade e a intensificação dos ataques por Jefferson o fizeram voltar ao Congresso. “Vou me colocar à disposição do PT”, afirmou.