O voto do deputado federal Carlos Bezerra (PMDB) a favor da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara Federal resultou na exoneração de seu aliado, o advogado mato-grossense Luiz Antônio Pôssas de Carvalho, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Ex-secretário de Estado na gestão Silval Barbosa (PMDB), Pôssas de Carvalho foi indicado por Bezerra para o cargo de diretor de Obtenção de Terras e Implantação de Projetos de Assentamento do Incra e nomeado no dia 28 de março.
Ele foi exonerado depois que seu padrinho político, responsável por sua ida para o Incra, contrariou as expectativas da presidente Dilma e votou pelo impedimento da petista no dia 17 do mês passado, ocasião em que o placar foi de 367 votos favoráveis e 137 contrários. No lugar de Pôssas, foi nomeado Joelito de Oliveira Rezende Júnior.
Pelo Facebook, Luiz Pôssas lamentou sua exoneração e disse que tem esperança de retornar ao cargo se o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assumir o comando do país em um eventual afastamento da presidente. Ele não conseguiu completar dois meses no cargo.
“Nestes 45 dias de Incra, 68 processos ultimados para decreto da presidente Dilma, primeira etapa cumprida, exonerado hoje em retaliação ao meu PMDB, se Deus e presidente Michel quiserem estarei de volta na próxima semana, terei um descanso de uma semana, pois, nesses poucos dias produzi mais que os três últimos anos”, postou o ex-secretário.
À época da nomeação de Pôssas, o Estadão publicou matéria informando que a decisão era um exemplo de como o Palácio do Planalto começava a atuar "no varejo" para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara. Informou que os cargos no segundo escalão do governo iriam servir como moeda de troca para garantir o apoio de deputados na votação que pode levar ao afastamento da presidente.
Dessa forma, o então diretor de Obtenção de Terras do Incra, Marcelo Afonso Silva, que estava no Incra desde 2011 por indicação da senadora Gleisi Hoffmann, foi exonerado do cargo para dar lugar a Luiz Antônio Possas de Carvalho, aliado de Carlos Bezerra. “Bezerra é um dos deputados do PMDB que tem se manifestado contra o impeachment de Dilma. Advogado por formação, ele argumenta não ver sustentação jurídica para o afastamento da presidente”, dizia a publicação.
Por sua vez, Carlos Bezerra se manteve calado durante o período que antecedeu a votação e chegou, inclusive, a ter sua foto estampada em outdoors espalhados por avenidas de Cuiabá e outras cidades de Mato Grosso, como um dos parlamentares de Mato Grosso que votariam a favor da presidente Dilma e “contra o povo”. Porém, somente no 17 de abril, momentos antes da votação, é que Bezerra revelou seu voto a favor do afastamento da petista. Como consequência, agora seu indicado para o Incra foi exonerado.