O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Marcos Machado, entregou, hoje, um pedido de abertura de sindicância para apurar a própria conduta. Ontem, foi divulgado o conteúdo de conversas telefônicas entre ele e o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), após a prisão da ex-primeira-dama do Estado, Roseli Barbosa.
As escutas feitas pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no telefone do ex-governador mostram Machado conversando com Silval após a prisão de Roseli Barbosa. Em um dos diálogos o magistrado diz que "estamos aí aguardando caso precise de algum diálogo. Isso é importante". Silval responde "ok" em seguida.
Além de pedir uma abertura de sindicância para investigar o próprio comportamento, Machado ressalta que a questão não é institucional e que ele mesmo se manifestará por meio do seu advogado. "Constituí advogado no dia de ontem para obter traslado completo dos autos investigatórios e requer a instauração de Sindicância contra mim para apuração do fato veiculado pela mídia local, que atribui suposta tentativa de influência exercida pelo o ex-governador Silval Barbosa em favor de sua esposa", trecho do documento.
O desembargador destaca também que não tem condição psicológica para participar da sessão administrativa do Tribunal Pleno desta quinta-feira.
O desembargador negou, ontem à noite, qualquer tipo de tráfico de influência para favorecer a ex-primeira-dama, presa durante a operação Ouro de Tolo. Conversas telefônicas mantidas entre ele e o ex-governador, que estava com sigilo telefônico quebrado por ordem judicial, foram gravadas e divulgadas à imprensa.
Machado afirmou que os diálogos se resumem a uma análise de implicações jurídicas, sem emitir opinião como magistrado. “Prestei minha solidariedade, nada além disso", informou ao lembrar que o habeas corpus foi inclusive negado pelo TJ e em uma Câmara da qual não é integrante.