O ato público em homenagem ao caseiro Francenildo dos Santos Costa, realizado na manhã de hoje na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, terminou com a decisão de se formular o pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por crime de responsabilidade. O pedido deve ser encaminhado na próxima semana por deputados da oposição e por juristas.
O ex-ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, ficará encarregado da argumentação do processo. De acordo com ele, há fortes indícios de que o presidente sabia que o sigilo do caseiro seria quebrado e nada fez para impedi-lo.
A proposta foi levantada pelo deputado federal Rafael Guerra (PSDB-MG) e ganhou apoio imediato de políticos e juristas presentes à reunião.
De acordo com Guerra, que integra o movimento Pró-Congresso, o pedido pode acontecer já na próxima semana. “Vamos estudar a forma como isso será feito, já que não é possível, depois de dez meses de denúncias, que o presidente tivesse se alienado dos fatos”.
“Não é possível que o governo diga que não saiba, que o presidente diga que não saiba. O pedido de quebra de sigilo (bancário do caseiro) foi feito dentro do Palácio do Planalto. Queremos apurar até o final. Já pedi ao Miguel Reale Júnior que nos prepare a argumentação para a abertura do processo de impeachment por crime de responsabilidade”, disse Guerra.
“Decidimos nesta reunião é examinar em que medida o presidente da República era ciente e consciente daquilo que estava sendo realizado. Mesmo porque o presidente da Caixa Econônica Federal (Jorge Mattoso) teve um encontro com o Palocci (ex-ministro da Fazenda) a respeito da quebra de sigilo dentro do Palácio do Planalto”, disse Reale.
Cautela
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) foi mais cauteloso em relação ao prazo. “Primeiro, faremos todo o levantamento de como esse pedido pode ser feito. Para que, aí sim, ele possa ser colocado em prática”.
A deputada Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB-SP) tomou a palavra durante a cerimônia e, usando o microfone, pediu o impeachment do presidente Lula. “Vamos tirar Lula do governo”, disse a parlamentar tucana.
Francenildo acompanhou tudo timidamente da mesa. Ao falar, ele disse que está com a consciência tranqüila e que nada mais fez do que a sua mãe o ensinou durante toda a sua juventunde. “Todas as broncas que eu levei quando era mais novo da minha mãe para dizer a verdade não foram em vão”, disse provocando risos do público presente.