Os deputados acusados de envolvimento na máfia dos sanguessugas têm até a meia-noite de segunda-feira para renunciar aos mandatos se quiserem escapar da cassação. O prazo foi definido pela Mesa Diretora da Câmara. O horário foi estabelecido para garantir que as renúncias sejam publicadas no Diário Oficial do Congresso de terça-feira.
Nos bastidores, a expectativa é que vários parlamentares apresentem as renúncias ao mesmo tempo na segunda-feira à tarde, para evitar desgastes isolados perante a opinião pública.
A avaliação entre os deputados sanguessugas é que o deputado Coriolano Sales (PFL-BA) se precipitou e expôs o PFL quando decidiu renunciar sozinho ao mandato.
Nos últimos dias, vários parlamentares procuraram o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP) e a assessoria jurídica da Casa pedindo orientações sobre como proceder em casos de renúncia. Entre eles, os deputados Nilton Capixaba (PTB-RO), João Caldas (PL-AL), respectivamente segundo e quarto secretários da Câmara, além da deputada Laura Carneiro (PFL-RJ).
Segundo apurou a Folha Online, a maioria dos deputados envolvidos nas fraudes vai consultar as bases eleitorais neste final de semana para avaliar se renunciam aos mandatos. Muitos já desistiram de disputar as eleições de outubro, diante do desgaste provocado pela CPI dos Sanguessugas.
Ao contrário do escândalo do mensalão, no caso dos sanguessugas, os parlamentares estão sendo abandonados pelos partidos –especialmente por ser ano eleitoral. Os deputados da bancada evangélica, por exemplo, já teriam perdido o apoio das igrejas ligadas a eles. Dos 66 congressistas ligados a igrejas evangélicas, 23 –mais de um terço da bancada– estão envolvidos nas irregularidades e tiveram a cassação de seus mandatos sugerida.
O regimento da Câmara determina que as renúncias sejam lidas no plenário e publicadas no DO. Como o Congresso está em recesso branco, sem sessões deliberativas, a assessoria jurídica da Casa orientou a Mesa da Câmara a apenas publicar os pedidos.
As renúncias têm que ser publicadas até terça-feira, quando o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), vai instaurar os processos de perda de mandato contra os 69 deputados acusados pela CPI dos Sanguessugas de envolvimento com a máfia das ambulâncias. Depois de iniciados os processos, as renúncias não têm mais o efeito de paralisar as investigações.
Senado
O Senado ainda estuda os prazos regimentais para as renúncias de senadores envolvidos nas irregularidades. Dois deles, Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT) garantiram à Folha Online que não pretendem renunciar aos mandatos.
O terceiro suspeito de envolvimento nas fraudes, senador Ney Suassuna (PMDB-PB), está em campanha à reeleição pelo Estado da Paraíba, e não foi localizado para comentar a possível renúncia.