O deputado estadual José Domingos Fraga (PSD) faltou, hoje, pela 2ª vez ao interrogatório no qual deveria prestar aos promotores do Grupo de atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) sobre o esquema de corrupção e propina no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) apurado na Oeração Bereré, feita pela Polícia Civil e Ministério Público. Ele não teria sido localizado para depor nesta 3ª. A assessoria de Zé Domingos informou que também não conseguiu contato com ele. Semana passada, ele enviou um atestado médico e pediu a redesignação da data do depoimento.
Ele seria interrogado sobre R$ 100 mil que seu assessor Jorge Batista da Graça afirmou, ao Gaeco, que recebeu e usou para pagar despesas do parlamentar, entre os dias 3 e 6 de fevereiro de 2014. Foram dois depósitos de R$ 50 mil, em cheques, assinados por Claudemir Pereira dos Santos, um dos sócios da Santos Treinamentos, uma das empresas também investigadas, suspeita de prestar serviço fictício para empresa de serviços com o objetivo de “maquiar” o repasse de propinas a políticos.
Hoje depôs o servidor da Assembleia, Luiz Fernando da Silva Flamínio, que aparece na investigação como destinatário de um cheque de R$ 5 mil, depositado em sua conta em outubro de 2014. O cheque era assinado pelo investigado Claudemir Pereira dos Santos. Luiz Fernando disse aos jornalistas que não se lembra do que se tratava o cheque que recebeu, há 4 anos, nem o destino que foi dado ao dinheiro. “Não tem o que falar”. Segundo o servidor público, sua condição acabou o prejudicando porque o dinheiro pode ter sido oriundo de algum serviço que ele tenha prestado e que não se lembra. “É uma operação comercial, eu não me lembro. Faz quatro anos! Como você vai buscar na sua memória uma coisa que aconteceu há 4 anos atrás? Agora eu não posso prestar um serviço porque eu sou servidor público?”, questionou.
Ele explica que é formado em Direito e que presta muitos serviços de consultoria jurídica para pessoas que moram no interior. Ao mesmo tempo, ele entrou em contradição, ao falar sobre sua ligação com Claudemir, emissor do cheque que foi parar em sua conta.
Consta na denúncia do Ministério Público Estadual que Luiz Fernando trabalha na Assembleia desde o dia 1º de fevereiro de 2011. Entre agosto de 2012 a janeiro de 2015, ele foi lotado como chefe de gabinete da 2ª secretaria, época em que Dilmar era o ocupante do cargo de 2º secretário. Posteriormente, exerceu as funções de chefe de gabinete de Dilmar, entre fevereiro de 2015 a janeiro de 2017. Desde fevereiro do ano passado, é consultor técnico jurídico do Núcleo Ambiental da Assembleia, cargo cujo salário é de mais de R$ 13,3 mil.
Alguns deputados estão sendo investigados por, supostamente, receberem propina do esquema. Uma parte já prestou depoimentos. Os investigados são Mauro Savi, Nininho, Romoaldo Junior, Baiano Filho, Eduardo Botelho e Wilson Santos.